Política
Os ditadores do regime militar no Brasil: a era Geisel e o legado de crueldade

Durante os 21 anos de ditadura militar no Brasil (1964-1985), o país foi governado por uma sucessão de generais que implementaram um regime de repressão, censura e violação de direitos humanos. Dentre esses líderes, o general Ernesto Geisel, presidente de 1974 a 1979, é frequentemente lembrado por um paradoxo: embora tenha iniciado o processo de abertura política, seu governo também foi marcado por atos de extrema crueldade.
O contexto da ascensão de Geisel
Ernesto Geisel assumiu a presidência em um momento em que o Brasil vivia o auge da repressão política. O país ainda estava sob o impacto do AI-5, e a sociedade civil, embora sufocada, começava a organizar movimentos de resistência. Geisel, proveniente do alto escalão militar e com uma imagem de administrador eficiente, foi escolhido para liderar o país com a promessa de uma "distensão lenta, gradual e segura" em direção à redemocratização.
Política de repressão
Apesar da promessa de abertura, o governo Geisel não significou o fim imediato da repressão. Pelo contrário, esse período foi marcado por uma política de "tolerância zero" a qualquer forma de oposição ao regime. Sob a doutrina da segurança nacional, o governo continuou a praticar a censura, a perseguição de adversários políticos e o uso sistemático de tortura.

Um dos episódios mais sombrios foi a continuidade da operação de extermínio conhecida como "Operação Condor", uma cooperação entre as ditaduras do Cone Sul para perseguir e assassinar opositores políticos além das fronteiras nacionais. Durante o governo Geisel, essa política de repressão transnacional resultou na morte e desaparecimento de inúmeros brasileiros.

O Caso Herzog e a "Política do Silêncio"
Um dos casos mais emblemáticos da crueldade do regime de Geisel foi o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975. Herzog foi detido sob acusação de subversão e encontrado morto em sua cela, em um claro episódio de tortura seguido de morte. O governo tentou encobrir o caso, alegando suicídio, mas a mobilização da sociedade civil e de organizações de direitos humanos expôs a verdade, tornando Herzog um símbolo da luta contra a repressão.
A "Abertura" de Geisel
Ao mesmo tempo, paradoxalmente, o governo Geisel iniciou o processo de abertura política que eventualmente levaria ao fim da ditadura. A partir de 1974, foram tomadas medidas como a revogação do AI-5 em 1978 e a restauração de alguns direitos políticos. Essa "abertura" foi, no entanto, cuidadosamente controlada pelo regime, buscando evitar a perda do poder militar sobre a política brasileira.
Legado ambivalente
Ernesto Geisel é uma figura controversa na história do Brasil. Seu governo é lembrado tanto pela crueldade e repressão quanto pelo início do processo de redemocratização. Essa dualidade reflete a complexidade do período da ditadura militar no Brasil, um tempo em que o desejo de mudança e a resistência à opressão começaram a pavimentar o caminho para o retorno à democracia.
A memória dos anos de governo de Geisel, assim como de toda a ditadura, permanece como um lembrete vital da importância da vigilância constante em defesa da democracia e dos direitos humanos. Ao recordar o legado de crueldade dos ditadores militares, reafirma-se o compromisso com um futuro em que tais injustiças não se repitam.
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