Economia

Na Argentina, mais de 12 milhões vivem abaixo da linha da pobreza

Segundo dados do Idec, esse número indica que 41,7% dos argentinos não conseguem obter a Cesta Básica Total, conjunto de necessidades alimentares e não alimentares consideradas essenciais

Agência O Globo - 28/03/2024
Na Argentina, mais de 12 milhões vivem abaixo da linha da pobreza

Os níveis de pobreza na Argentina aumentaram um pouco no segundo semestre de 2023, uma vez que a inflação crescente afetou o poder de compra das famílias antes mesmo que a terapia de choque do presidente Javier Milei fosse adotada.

Cerca de 41,7% dos argentinos estavam vivendo na pobreza no segundo semestre do ano, acima dos 40,1% anteriores, de acordo com dados do governo publicados na quarta-feira. Esse número está um pouco abaixo do pico de 42% observado durante a pandemia e espera-se que continue aumentando à medida que Milei corta os gastos do governo em grande parte com medidas de austeridade brutais.

O dado corresponde a 12,3 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. Trata-se de um aumento de 1,6 ponto percentual em relação ao primeiro semestre e 2,5 a mais do que o registrado um ano antes.

Além disso, 11,9% da população argentina, cerca de 3,5 milhões de pessoas, estão em situação de indigência.

O Indec considera pobres as pessoas que não conseguem obter a Cesta Básica Total, um conjunto de necessidades alimentares e não alimentares consideradas essenciais. E registra como indigentes aqueles que nem sequer conseguem a Cesta Básica Alimentar, ou seja, que não podem comprar o mínimo indispensável para suprir suas necessidades nutricionais.

Os argentinos sofreram uma deterioração em seu poder de compra, especialmente de alimentos, entre o primeiro e o segundo semestre de 2023. Enquanto a renda familiar total média aumentou 69%, a Cesta Básica Alimentar aumentou 81,6% e a Total, 75,8%.

Nessa queda de renda, as crianças são as mais afetadas: 58,4% dos menores de 15 anos estão abaixo da linha de pobreza e 18,9% estão em situação de indigência.

Estimativas de outros centros de estudos, como o da Universidade Católica Argentina, sugerem que, em dezembro de 2023, a pobreza afetava 49,5% da população e que, em janeiro, aumentou para 57,4%.

Desde que assumiu o cargo em 10 de dezembro, Milei desvalorizou a moeda em 54%, cortou as taxas de juros e permitiu que os gastos públicos fossem reduzidos pela inflação. No estilo motosserra, ele também interrompeu praticamente todas as obras públicas, reduziu o financiamento para as províncias e está no caminho certo para eliminar 70.000 empregos no governo.

Dias antes dos dados sobre pobreza, o governo aprovou novos aumentos de gastos para alguns dos programas de bem-estar mais comuns.

A economia da Argentina encolheu 1,9% no quarto trimestre de 2023, e os economistas preveem uma contração ainda mais acentuada de 3,5% em 2024.