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Empresa registra mais 2 possíveis mortes ligadas a suplementos alimentares; entenda

Autoridades japonesas investigam quatro óbitos e mais de 100 hospitalizações associadas a produtos utilizados para reduzir o colesterol no país

Agência O Globo - 28/03/2024
Empresa registra mais 2 possíveis mortes ligadas a suplementos alimentares; entenda

A empresa farmacêutica japonesa Kobayashi Pharmaceutical comunicou nesta quinta-feira mais duas mortes potencialmente relacionadas com suplementos alimentares vendidos no país para reduzir o colesterol. Os produtos foram retirados do mercado por suspeita de causarem efeitos adversos na saúde.

O caso tem gerado grande preocupação entre autoridades japonesas, que investigam as agora quatro mortes, além de mais de 100 hospitalizações, suspeitas de serem relacionadas aos suplementos.

No comunicado, a farmacêutica declarou ter recebido os relatos das duas novas mortes de pessoas que tomaram o suplemento "Choleste help", e que pelo menos uma delas faleceu devido a um quadro de insuficiência renal. "Estamos a confirmar os fatos e a relação causal em ambos os casos", declarou.

Na semana passada, a empresa retirou o "Beni Koji Choleste Help" e duas outras marcas de suplementos que continham um ingrediente chamado arroz fermentado vermelho, ou levedura de arroz vermelho ("beni koji"), depois de ter recebido queixas de problemas renais de alguns clientes.

Estudos médicos descrevem a substância como um meio de reduzir o colesterol, mas também alertam para o perigo de danos nos músculos, rins ou fígado. Além de comercializá-lo em seus produtos, a Kobayashi Pharmaceutical também forneceu o ingrediente a cerca de 50 empresas no Japão e a duas outras em Taiwan.

Dezenas delas também anunciaram o recolhimento de produtos afetados, desde comprimidos medicinais a vinhos espumantes, molhos para saladas, pão ou pasta de missô (tempero japonês) utilizada em muitos pratos tradicionais.

Ao tomar conhecimento sobre o caso, o ministro da Saúde do Japão, Keizo Takemi, anunciou na terça-feira que o governo havia solicitado à empresa que apresentasse "sem demora" informações sobre a situação. Também ordenou às autoridades locais que “obtivessem informações sobre os danos à saúde", afirmou o ministro, que prestou condolências às pessoas afetadas.

De acordo com a farmacêutica, uma análise revelou a possibilidade de que os produtos contassem com "ingredientes que não deveriam ter sido incluídos". Porém, não detalhou quais e disse que não encontrou nenhuma citrinina produzida pelo arroz fermentado vermelho, uma substância tóxica conhecida que pode causar danos aos rins.

O arroz fermentado vermelho é produzido "pela fermentação do arroz cozido no vapor com fungos alimentares e é frequentemente usado para reduzir o colesterol elevado como alternativa à medicação com estatinas", segundo um estudo de 2019 publicado no British Medical Journal.

Pesquisadores já haviam expressado preocupação a respeito dos produtos com esta substância que contêm níveis elevados de um composto chamado monacolina K, que tem a mesma estrutura dos medicamentos aprovados para combater o colesterol.

"Os produtos de arroz fermentado vermelho que contêm quantidades significativas de monacolina K podem ter os mesmos efeitos colaterais potenciais que os medicamentos com estatinas, incluindo danos musculares, renais e hepáticos", afirma o Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa dos Estados Unidos.