Economia
O Concorde está de volta? Veja projetos de jatos supersônicos que podem ligar NY e Londres em 90 minutos
Alguns dos projetos prometem viagens supersônicas, que são mais silenciosas, mais ecológicas, mais econômicas que no passado. Aviões poderão até levar passageiros de NY a Londres em 90 minutos

Mais de duas décadas após o último voo do Concorde, empresas privadas estão competindo para trazer de volta as viagens supersônicas para o mercado comercial.
Em janeiro, segundo reportagem do The Washington Post, um grupo de mais de 100 pessoas se reuniu em um hangar na Califórnia para conhecer o jato X-59, da Nasa — uma aeronave futurista projetada para viajar mais rápido do que a velocidade do som.
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Desde a despedida do Concorde, em 2003, os jatos supersônicos têm sido usados principalmente pelas forças armadas. Mas a apresentação do X-59, projetado e construído em parceria com a Lockheed Martin, ocorre em um momento em empresas tentam trazer de volta aos céus os jatos supersônicos.
Entre as empresas que prometem viagens supersônicas modernas, mais silenciosas, mais ecológicas e mais econômicas do que no passado estão a Boom, a Exosonic e a Spike, aponta O Washington Post. A maior novidade é a seguinte: pelo menos uma empresa, a Hermeus, explora voos hipersônicos, que podem levar os passageiros de Nova York a Londres em 90 minutos.
No entanto, há dúvidas sobre a possibilidade de essas empresas cumprirem suas promessas, considerando a economia das viagens aéreas e as crescentes preocupações sobre o impacto da aviação comercial no meio ambiente, aponta a reportagem do jornal americano.
Veja algumas iniciativas que podem retomar voos supersônicos:
Nasa aposta no X-59
O objetivo da agência espacial americana ao desenvolver o X-59 é reduzir o "boom sônico'' — o estrondo que ressoa por toda parte quando uma aeronave ultrapassa a barreira do som, diz o Washington Post. Os cientistas da NASA esperam que o jato de demonstração possa provar que é possível viajar em velocidades supersônicas sem o ruído ensurdecedor.
Um dos segredos para silenciar o estrondo vem do projeto do avião, que tem um nariz mais longo e estreito e uma asa projetada para ajudar a garantir que as ondas de choque que ele cria ao acelerar no ar sejam semelhantes em força e uniformemente espaçadas ao longo da aeronave para criar um aumento gradual na pressão em vez do salto rápido que cria o estrondo alto, explicou Peter Coen, gerente de integração para a missão. Ele contou ainda que motor é montado na parte superior da aeronave.
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O jornal lembra que o estrondo sônico é de cerca de 105 PLdB, ou nível percebido de decibéis, semelhante ao som de um balão estourando ao seu lado. Em comparação, diz a Nasa, o som do X-59 será mais próximo ao de uma porta de carro batendo a seis metros de distância.
Empresas de aviação estão interessadas
Cerca de meia dúzia de empresas estão competindo para serem as primeiras a oferecer viagens supersônicas ao público. Uma delas é a Boom Supersonic, com sede em Denver, que pretende colocar no ar em 2029 seu jato supersônico de passageiros, o Overture.
Espera-se que a aeronave acomode de 64 a 80 passageiros, de acordo com Blake Scholl, executivo-chefe da empresa. A previsão é que o jato viajará a 1,7 vezes a velocidade do som - mais que o dobro da velocidade de um avião de passageiros comum.
A Aerion, que teve apoio da Boeing e a Lockheed Martin, entre outras empresas do setor, para construir um jato executivo supersônico - já se retirou da corrida. Ela encerrou suas atividades em 2021, sem conseguir garantir o financiamento para continuar seu trabalho.
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Os analistas do setor ouvidos pelo Post dizem que o capital de risco e a mentalidade de que o supersônico comercial parece uma boa ideia alimentaram em grande parte a ideia de trazer os supersônicos de volta.
Diretor administrativo da AeroDynamic Advisory, Richard Aboulafia, ressalta que esta é mentalidade do Vale do Silício, ''em que você investe dinheiro em 20 coisas para uma que dê certo”.
- Muitos projetos atraem dinheiro, sejam eles totalmente viáveis ou não - afirmou Bruce McClelland, analista contribuinte sênior da empresa de análise do setor aeroespacial e de defesa Teal Group.
Sustentabilidade é outro vetor
As empresas afirmam que a nova geração de jatos supersônicos deverá ter uma pegada de carbono menor, já que serão abastecidos basicamente com combustível de aviação sustentável, feito de produtos agrícolas, como soja e gordura animal.
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Os críticos, no entanto, dizem que há obstáculos. Atualmente, não há combustível de aviação sustentável suficiente para os aviões que já existem, além de ser mais caro, cerca de duas a quatro vezes o custo do combustível fóssil.
Independentemente do combustível, o fato é que os jatos supersônicos poderiam usar de sete a nove vezes mais combustível do que as aeronaves comerciais comuns, transportando menos passageiros, segundo estudo realizado em 2022 pelo International Council on Clean Transportation (Conselho Internacional de Transporte Limpo).
Jato para chegar mais rápido
Com sede em Atlanta, a Hermeus é uma das empresas que exploram a possibilidade de um jato comercial de passageiros hipersônico ainda mais rápido.
O jato Halcyon da empresa viajaria a Mach 5 ― ou cinco vezes a velocidade do som. Isso quer dizer que um voo entre Nova York e Londres levaria 90 minutos, o mesmo tempo de um voo de Nova York para Washington nos aviões comerciais atuais.
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Segundo A.J. Piplica, executivo-chefe da empresa, a empresa está preparando o terreno para o Halcyon, construindo drones hipersônicos que poderiam ser usados para fins de defesa e segurança nacional.
Piplica admite, no entanto, que a empresa enfrenta desafios tecnológicos para desenvolver uma aeronave tão rápida. Atualmente, há menos de 50% de chance de colocar o Halcyon no ar, diz ele, que espera que as chances aumentem com o tempo.
Tanto a Hermeus como as demais empresas terão que convencer o público a comprar o projeto, além de lidar com a crescente preocupação sobre o impacto das viagens aéreas no meio ambiente, ressalta o jornal.
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