Internacional

Violência das gangues deixa corpos nas ruas do Haiti e faz 33 mil fugirem em 15 dias

País tem vivido semanas de caos desde que grupos armados lançaram uma batalha contra o controverso primeiro-ministro local, Ariel Henry, no início do mês

Agência O Globo - 22/03/2024
Violência das gangues deixa corpos nas ruas do Haiti e faz 33 mil fugirem em 15 dias

Vários corpos jaziam na manhã desta sexta-feira em diferentes bairros de Porto Príncipe, a capital haitiana sujeita à violência das gangues – e de onde mais de 33 mil pessoas fugiram nos últimos 15 dias, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). A cidade ainda guarda vestígios de vários ataques de gangues armadas, e de uma operação militar que tirou a vida de um de seus líderes, Ti Grèg.

Entenda: Como a união das gangues no Haiti conseguiu derrubar o primeiro-ministro

Violência: ONU anuncia que irá retirar seus funcionários não essenciais do Haiti, que corre para formar governo de transição

Um correspondente da AFP viu os corpos mortos, muitos deles carbonizados, no centro da capital e no bairro de Delmas. Um morador também viu pessoas sem vida em Pétion-Ville, uma comuna rica nos arredores de Porto Príncipe, onde gangues tentaram ganhar terreno nesta semana. Diante do terror das gangues, que controlam quase 80% da capital, a população ergueu barricadas em algumas estradas para se proteger de assaltos.

“Nas últimas semanas, os ataques armados intensificaram-se na Zona Metropolitana de Porto Príncipe”, afirmou a OIM em comunicado. Além de causar deslocamento na cidade e arredores, “os ataques e a insegurança generalizada estão obrigando cada vez mais pessoas a deixar a capital em busca de refúgio nas províncias, correndo o risco de viajarem em estradas controladas por gangues”, acrescentou.

A OIM, que coletou dados nas estações rodoviárias mais utilizadas, observou que 33,3 mil pessoas deixaram a capital entre 8 e 20 de março, principalmente para regiões do Grande Sul, que já acolhem cerca de 116 mil deslocados que fugiram nos últimos meses. A organização insistiu que estas províncias “não têm infraestruturas suficientes, e os centros de acolhimento não têm recursos necessários para estes deslocamentos maciços da capital”.

Muitas das mais de 33 mil pessoas que fugiram já haviam se deslocado internamente – e, em alguns casos, várias vezes.

Caos no Haiti

O Haiti tem vivido semanas de caos desde que gangues armadas lançaram uma batalha contra o controverso primeiro-ministro local, Ariel Henry, com ataques ao aeroporto, delegacias, prisões e outros edifícios públicos. Na semana passada, Henry concordou em renunciar e dar lugar a um conselho presidencial composto por sete membros e dois observadores, cuja formação foi adiada por falta de consenso interno.