Internacional

Operação policial no Haiti deixa vários criminosos mortos no reduto de poderoso líder de gangue

Jimmy Chérizier, conhecido como Barbecue, ameaçou iniciar uma guerra que levaria ao 'genocídio' caso primeiro-ministro não renunciasse

Agência O Globo - 16/03/2024
Operação policial no Haiti deixa vários criminosos mortos no reduto de poderoso líder de gangue

Várias pessoas morreram durante uma operação realizada na sexta-feira à tarde pela Polícia Nacional do Haiti no reduto da gangue liderada por Jimmy Chérizier, o "Barbecue", no distrito de Bas Delmas, arredores de Porto Príncipe, informou neste sábado Lionel Lazarre, coordenador do Sindicato Nacional da Polícia Haitiana (Synapoha). A operação tinha como objetivo desbloquear a estrada Delmas, bloqueada por criminosos há dias.

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Segundo Lazarre, citado pelo jornal haitiano Le Nouvelliste, a operação contou com agentes da Companhia de Intervenção e Manutenção da Ordem (Cimo) como reforço, da Brigada de Operação e de Intervenção Departamental (Boid) e da Swat.

"Foram utilizados equipamentos pesados ​​para desbloquear as estradas. Não sabemos o número de armas recuperadas. Fomos informados de que vários bandidos foram mortos mas não tenho o número exato", disse.

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Chérizier, um ex-policial nascido na capital haitiana, ganhou destaque ao liderar aquilo que descreve ser uma "revolução contra a elite política corrupta do país" após o assassinato do então presidente Jovenel Moïse, em 2021, consolidando-se como um dos mais poderosos líderes das máfias. Foi ele o responsável pela ameaça de iniciar um "guerra civil" que levaria a um "genocídio" caso o primeiro-ministro, Ariel Henry, não renunciasse.

Operação no porto

Uma fonte da Autoridade Portuária Nacional também indicou à AFP que a polícia estava tentando recuperar o controle do principal terminal de Porto Príncipe na manhã deste sábado, diante de um novo ataque de criminosos que saquearam diversos contêineres.

A Caribbean Port Services S.A., que opera o porto da capital, havia anunciado em 7 de março a suspensão de suas atividades devido a "problemas de ordem pública", indicando que havia sido alvo de "atos maliciosos de sabotagem e vandalismo" desde 1º de março.

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Porto Príncipe tem sido palco de uma onda de violência por parte de gangues criminosas nas últimas semanas e a situação ainda era "explosiva" na sexta-feira, segundo a ONU, que anunciou na quarta o deslocamento de seus funcionários não essenciais do país, movimento que já foi feito pelos EUA e União Europeia.

Enquanto isso, os haitianos aguardam a criação de um conselho presidencial de transição após o anúncio da renúncia do controverso primeiro-ministro Ariel Henry. A tarefa é complicada pelo curto prazo exigido pela comunidade internacional e pela necessidade de dividir os sete membros do conselho entre diferentes partidos políticos e o setor privado.

As gangues controlam áreas inteiras do Haiti, incluindo 80% da capital, e são acusadas de homicídios, roubos, estupros e extorsões mediante sequestros — pelo menos 8,4 mil pessoas foram vítimas só no ano passado. No início deste mês, esses grupos armados se reuniram para atacar locais estratégicos, como o palácio presidencial, delegacias de polícia e prisões, desafiando abertamente Henry e exigindo sua renúncia. (Com AFP)