Economia
Frescatto e Prime Seafood anunciam fusão para criar gigante no setor de pescados
As empresas farão troca de ações. Com união, ideia é incluir no portfólio itens vendidos no exterior, como cortes de lagosta

A empresa de pescados Frescatto Company, do Rio, e a Prime Seafood, maior exportadora brasileira no segmento, anunciaram uma fusão ontem. Juntas, as duas companhias faturaram R$ 1,6 bilhão no ano passado, com meta de chegar a R$ 3 bilhões em 2025. Caso as expectativas se concretizem, a Frescatto — já que a ideia é que a marca Prime deixe de existir em 2025 — alcançará o status de maior empresa de pescados da América Latina. A operação envolve apenas troca de ações.
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O investimento total previsto é de R$ 70 milhões, sendo R$ 60 milhões voltados para ampliar um frigorífico da Frescatto no Rio, e outros R$ 10 milhões para um centro de distribuição na capital paulista. Atualmente, a Frescatto conta com dois pontos de venda direta, no Leblon e na Barra da Tijuca.
O CEO, Thiago De Luca, conta que a empresa deve abrir uma unidade em São Paulo em quatro meses. Ele gostaria de inaugurar mais uma loja no Rio até 2025.
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— São Paulo merece um centro de distribuição acoplado a uma fábrica de pescado fresco, que temos em proporção muito pequena. O investimento lá é menor, já temos um local, que está construído. Com a incorporação da Prime, passamos a ter cinco centros de produção — diz De Luca.
Peixe pode ser nova estrela
O executivo conta que o foco agora é incluir no portfólio brasileiro produtos que a Prime comercializa apenas no mercado internacional, como todos os cortes de lagosta, o pargo paraense e a pescada.
Executivos e analistas de mercado avaliam que a chave do novo empreendimento é a complementaridade. Atualmente, a Frescatto atua principalmente na comercialização de pescados para bares e restaurantes, enquanto a Prime conta com mais unidades industriais, localizadas na Bahia, em Pernambuco e no Pará.
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Assim, a nova empresa passa a contar com a estrutura produtiva mais robusta da Prime, aproveitando a cadeia distribuidora da Frescatto.
Os centros de produção no Nordeste permitem, além do abastecimento do mercado brasileiro, ampliar vendas ao exterior. De um faturamento de R$ 300 milhões da Prime em 2023, o objetivo é chegar a R$ 500 milhões em 2025.
— Uma coisa é uma empresa apenas comercializadora. Outra, é uma empresa com indústrias de processamento alocadas em regiões onde tem muita produção de pescado. Essas indústrias captam, processam e disponibilizam o produto para a população. É onde a Frescatto passa a se diferenciar do mercado. Ela se torna autossuficiente e ganha longevidade — afirma o CEO da Prime, Eduardo Lobo, que agora se torna membro do conselho e da diretoria da Frescatto.
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Adam Patterson, economista e sócio da Redirection International, avalia que, apesar do bom momento da indústria de alimentos no país, o segmento de pescados não desperta muita atenção dos investidores, o que pode mudar com a união entre Frescatto e Prime:
— É um setor abaixo do radar, mas as perspectivas são promissoras. A produção de peixes aumentou bastante nos últimos oito anos, em função de novas tecnologias. O peixe pode ser a nova estrela.
Patterson reconhece que o mercado externo tem um potencial maior para impulsionar o crescimento da indústria nacional de pescados, com os estrangeiros interessados em consumir carnes mais magras.
Professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Kanter diz que a Frescatto, na verdade, encontrou um atalho para entrar no mercado mundial de pescados, ao se fundir com uma empresa experiente em tecnologias mais complexas, como envio de lagostas vivas para a China.
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Ele avalia que a novidade abre oportunidades para que o setor de pescados se profissionalize, superando a informalidade ainda marcante do setor.
De Luca diz que o peixe ainda é uma proteína cara, mas vê a cultura de consumo do brasileiro mudando aos poucos.
— O consumo de pescado vai aumentar porque a geração mais nova está consumindo mais peixe de maneira natural, sem a necessidade de grandes campanhas.
Lobo estima que o brasileiro tem potencial para aumentar seu consumo anual de pescados de 10kg para cerca de 14kg nos próximos anos.
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