Internacional
G7 ameaça impor novas sanções ao Irã caso país transfira mísseis para a Rússia
Teerã está na mira de governos ocidentais desde o início da guerra da Ucrânia pelo envio de drones de ataque aos russos; empresa aérea estatal pode ser banida da Europa
Os líderes do G7, grupo formado por sete das principais economias liberais do planeta, fizeram nesta sexta-feira uma ameaça ao Irã: caso o país transfira mísseis balísticos à Rússia, como suspeita-se que tenha feito ou esteja prestes a fazer, irá sofrer novas sanções, que podem inclusive banir a companhia aérea do país dos céus europeus.
“Estamos profundamente preocupado com os relatos de que o Irã considera transferir mísseis balísticos e tecnologia relacionada à Rússia, depois de fornecer ao regime russo drones usados em ataques sem piedade contra a população civil da Ucrânia”, afirma o texto assinado pelos líderes do G7, este ano sob presidência rotativa da Itália.
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No mês passado, a agência Reuters afirmou que o Irã havia transferido “centenas” de mísseis superfície-superfície aos russos, que em meio ao agravamento do conflito buscam fontes alternativas para manter suas operações de terra — há informações apontando que a Coreia do Norte, outro país sob sanções, forneceu mísseis e munição de artilharia. Isso no momento em que o Ocidente, incluindo os EUA, enfrenta questionamentos e barreiras políticas para intensificar a ajuda a Kiev.
Nenhum dos governos envolvidos ou de nações ocidentais confirmou os envios dos mísseis iranianos à Rússia, mas os EUA disseram ver indícios de que isso aconteceria em um intervalo pequeno de tempo, uma preocupação externada pelo G7, formado por Estados Unidos, Itália, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e Canadá, e também com uma representação da União Europeia.
“Nós pedimos ao Irã que não faça isso [mande os mísseis], uma vez que isso ampliaria a desestabilização regional e representaria uma escalada material substancial em seu apoio à guerra da Rússia na Ucrânia, uma agressão que constitui uma flagrante violação da lei internacional e da Carta da ONU”, diz o comunicado.
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Caso o Irã ignore o alerta, o grupo afirma “estar preparado para responder de forma dura e coordenada, incluindo através de novas e significativas medidas”.
O Irã já é alvo de centenas de sanções diretas e secundárias impostas pelos EUA, União Europeia e aliados, ligadas a violações dos direitos humanos, ao programa de desenvolvimento de mísseis balísticos e às atividades nucleares locais — algumas dessas medidas tinham sido suspensas pelo acordo internacional que impunha limites à pesquisa e desenvolvimento atômico no Irã, de 2015, mas foram retomadas e ampliadas após a saída dos EUA do plano em 2018, e seguem em vigor até hoje.
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Contudo, os europeus e americanos sabem que, após mais de quatro décadas sob sanções, o Irã não apenas aprendeu a conviver com elas, mas determinados setores da economia conseguem hoje até lucrar com elas — recentemente, aeronaves russas foram enviadas para manutenção em instalações no Irã. Há muitos anos o setor aéreo iraniano não tem acesso a peças originais e aeronaves ocidentais novas, e desenvolveu um sistema próprio para manter nos ares uma das frotas mais antigas do mundo. Desde o início da guerra, esse mesmo tipo de sanção foi imposto aos russos.
Por isso, a ordem, de acordo com funcionários de governos ocidentais, ouvidos em caráter de anonimato, é pensar em ações diferentes, que possam punir o país de maneira inesperada: uma dessas medidas propostas é o banimento da companhia aérea estatal, a Iran Air, dos céus da Europa — segundo o site FlightConnections, a empresa voa para oito destinos no continente hoje.
A pressão sobre o Irã ocorre ainda no contexto de outra guerra, a de Israel contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza. Os EUA acusam Teerã de usar seus grupos aliados no Iraque, Síria e no Iêmen — os houthis — para lançar ataques contra forças locais e, em determinados casos, contra posições americanas. Em janeiro, três militares dos EUA morreram em uma ação com um drone na Jordânia, o que levou a uma série de retaliações contra essas milícias. Nas últimas semanas, serviços de inteligência têm notado uma redução dos efetivos em países vizinhos.
Washington também quer que os iranianos forçem os houthis a suspenderem os ataques contra navios mercantes no Mar Vermelho, mas Teerã deu sinais de que talvez não tenha tanto controle sobre o grupo, que promete manter a ofensiva enquanto durar a guerra em Gaza.
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