A cerimônia de filiação ao União Brasil do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, evidenciou a corrida pelo apoio do partido na eleição carioca de 2024. Estiveram no ato, realizado nesta quinta-feira, os pré-candidatos Eduardo Paes (PSD), Alexandre Ramagem (PL), Marcelo Queiroz (PP), Otoni de Paula (MDB) e Rodrigo Amorim (União). Dos principais que se colocaram na disputa, a única ausência foi Tarcísio Motta (Psol). Bacellar passa agora a comandar o diretório estadual da sigla.

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Em um momento que jogou luz sobre o jogo eleitoral da cidade, o nome mais cotado para a vice de Paes, deputado Pedro Paulo (PSD), foi vaiado no evento. O governador Cláudio Castro (PL), então, pediu o microfone e fez uma represália:

— Queria pedir de coração para que ninguém fosse vaiado hoje — disse o governador.

O União é visto como um possível destino para Pedro Paulo caso ele troque de legenda a fim de facilitar a composição da eventual chapa com o aliado Paes.

Como demonstração de força, a solenidade contou ainda com o secretário-geral da sigla, ACM Neto, e o presidente eleito, Antônio Rueda, que viveu nas últimas semanas uma guerra interna com o atual presidente, Luciano Bivar. O ato nesta quinta ilustrou o isolamento de Bivar ao reunir as principais figuras nacionais do partido.

Marcaram presença o governador de Goiás, Ronaldo Caiado; o líder do partido na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA); o líder no Senado, Efraim Filho (PB); e os ministros Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações). Dezenas de deputados federais e estaduais de diferentes matizes políticos, incluindo da esquerda, também compareceram.

— Olho para trás e só vejo cacique nacional aqui nesse palco. Gente que tem bagagem. Só posso acreditar que meu rápido crescimento foi por caráter e posicionamento — afirmou o presidente da Alerj.

Na prática, Bacellar opera nos bastidores do partido desde o ano passado, mas só teve caminho livre para se filiar depois de uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que permitiu a saída dele do PL fora da janela partidária de deputados. Agora, começa a comandar de forma oficial o diretório.

A entrada do presidente da Alerj como chefe da legenda despertou uma crise no governo do Rio, já que impulsionou a troca do vice-governador, Thiago Pampolha, do União pelo MDB. Pampolha e Bacellar têm pretensões de concorrer ao Palácio Guanabara em 2026. Com a migração partidária, Cláudio Castro demitiu o vice da secretaria de Ambiente e Sustentabilidade, cargo que ele acumulava.

Aos 43 anos, Bacellar teve ascensão meteórica na política estadual. Tendo como reduto Campos dos Goytacazes, maior cidade do interior do estado, está apenas no segundo mandato e foi eleito presidente da Assembleia no início do ano passado. Exerceu papel decisivo no impeachment do ex-governador Wilson Witzel (PSC), processo do qual foi relator na comissão especial criada para analisar o caso. Depois, virou homem de confiança da gestão Castro e chegou a ser secretário de Governo.

Crise no partido

Antônio Rueda e Luciano Bivar têm protagonizado uma briga de grandes proporções nas últimas semanas. O episódio mais marcante foi o incêndio nas casas de Rueda em Pernambuco, que o dirigente acredita ter sido criminoso. Bivar nega envolvimento.

O partido abriu um processo interno que pode culminar no afastamento de Bivar da direção partidária. Ele tem recebido críticas públicas dos outros dirigentes da legenda e de figuras de grande projeção filiadas a ela, como o governador Ronaldo Caiado.