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Inverno nos EUA é o mais quente desde 1894; onde de calor pode diminuir se La Niña se antecipar, diz analista

Entre dezembro e fevereiro, temperatura média em 48 estados ficou 3,1°C acima da média da série histórica

Agência O Globo - 08/03/2024
Inverno nos EUA é o mais quente desde 1894; onde de calor pode diminuir se La Niña se antecipar, diz analista

Os Estados Unidos, o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, acabaram de passar pelo inverno mais quente já registrado em sua História, de acordo com dados oficiais divulgados nesta sexta-feira. A tendência é que as temperaturas recordes continuem por mais algumas semanas em todo o Hemisfério Norte, mas o calor pode diminuir se o fenômeno La Niña acelerar sua chegada, segundo o Serviço para Mudanças Climáticas da União Europeia, Copernicus.

— As temperaturas do oceano Pacífico estão diminuindo e esperamos uma provável transição para o La Niña neste verão [do Hemisfério Norte], destacou Carlo Buontempo, diretor do Copernicus, em entrevista à AFP. — Alguns sinais sugerem uma transição mais rápida do que o esperado. Este ano de 2024 estava a caminho de ser mais uma vez muito quente, inclusive um ano recorde, mas, na verdade, esse risco pode diminuir.

Entre dezembro e fevereiro, a temperatura média em 48 estados dos Estados Unidos ficou 3,1°C acima da média da série histórica, registrada pela Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês) desde 1894. Oito estados da parte superior do Meio-Oeste, dos Grandes Lagos e do Nordeste tiveram seus invernos mais quentes já registrados, enquanto as temperaturas no Golfo do México ficaram próximas da média.

Esse "calor persistente" causou um "declínio contínuo na cobertura de gelo" dos Grandes Lagos no norte dos Estados Unidos, que atingiu um mínimo histórico em meados de fevereiro, disse a NOAA.

No Texas, o incêndio de Smokehouse Creek, o maior da história do estado sulista e que se estende até o oeste de Oklahoma, começou em fevereiro e queimou mais de 430 mil hectares. Outros eventos importantes incluíram padrões climáticos incomuns que trouxeram chuvas fortes e nevascas para algumas áreas do Oeste e causaram ventos fortes, inundações, deslizamentos de terra e falta de energia em partes da Califórnia.

"A cidade de Los Angeles recebeu mais de 30 cm de chuva em fevereiro, cerca de três vezes a média, tornando-o o fevereiro mais úmido em décadas na cidade", acrescentou a declaração da NOAA.

Os recordes de calor não se restringem aos Estados Unidos. O mês passado foi classificado como o terceiro fevereiro mais quente do mundo e o nono mês consecutivo de temperaturas historicamente altas em todo o planeta, à medida que a mudança climática empurra a Terra para um "território desconhecido", disse o monitor climático europeu nesta semana.

De acordo com o Copernicus, o período de fevereiro de 2023 a janeiro de 2024 marcou a primeira vez que a Terra registrou 12 meses consecutivos de temperaturas mais altas do que a era pré-industrial em 1,5°C. Manter o aquecimento abaixo desta marca é crucial para evitar um desastre climático planetário de longo prazo, dizem especialistas.