Política

'Não sou chantageado pelo Dirceu por uma orgia que participamos em Cuba', afirma Barroso ao criticar uso de deep fakes

Ministro se refere a vídeo com informação falsa que circulou nas redes em 2022

Agência O Globo - 04/03/2024
'Não sou chantageado pelo Dirceu por uma orgia que participamos em Cuba', afirma Barroso ao criticar uso de deep fakes
Luiz Roberto Barroso - Foto: Agência Brasil

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, alertou sobre o risco democrático da massificação da desinformação a partir do uso da inteligência artificial. Durante palestra na PUC-SP nesta segunda-feira, o magistrado destacou o perigo do deepfake e comentou, em tom descontraído, que não é "chantageado" pelo ex-ministro José Dirceu (PT).

O ministro se refere a um vídeo que circulou nas redes em 2022 em que aparece afirmando que sofre chantagem de Dirceu devido a uma orgia da qual os dois teriam participado em Cuba. Na versão completa, uma entrevista concedida ao site Jota em fevereiro de 2022, o presidente do STF fala sobre desinformação e cita a história como um dos exemplos de fake news sobre ele.

— Nós somos ensinados a acreditar naquilo que vemos e ouvimos. O dia que não pudermos mais acreditar (por conta do uso de deepfake), a liberdae de expressão terá perdido o sentido. O deepfake irá tornar a vida pior ainda. Apenas para quem tiver alguma dúvida: não sou chantageado pelo (ex) ministro por uma orgia que participamos em Cuba, embora haja milhares de acessos a essa informação na rede social — disse.

Ainda na palestra, Barroso afirmou que a politização das Forças Armadas foi "dramática" para a democracia e que elas "fizeram um papelão" no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O magistrado disse também que militares convidados a ajudar na fiscalização da segurança das urnas, em 2022, foram induzidos por uma "má liderança" a levantar falsas suspeitas sobre o processo.

— Desde 1988, as Forças Armadas tiveram um comportamento exemplar no Brasil, de não ingerência ou interferência, de cumprir suas missões constitucionais (...) Porém, foram manipulados e arremessados na política por más lideranças. Fizeram um papelão no TSE. Convidados para ajudar na segurança e dar transparência, (os militares) foram induzidos a ficarem levantando suspeitas falsas. Quando a lealdade é um valor que se ensina nas Forças Armadas — disse o ministro.