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Imagens de vídeo de Israel oferecem pistas, e dúvidas, de como aconteceu tragédia na entrega de alimentos em Gaza; entenda

Análises das imagens que foram divulgadas sobre o episódio indicam que os registros publicados pelo Exército de Israel omitem momento-chave

Agência O Globo - 02/03/2024
Imagens de vídeo de Israel oferecem pistas, e dúvidas, de como aconteceu tragédia na entrega de alimentos em Gaza; entenda
Imagens de vídeo de Israel oferecem pistas, e dúvidas, de como aconteceu tragédia na entrega de alimentos em Gaza; entenda - Foto: Reprodução / internet

Autoridades palestinas acusaram Israel de disparar e matar dezenas de pessoas que buscavam ajuda humanitária na Faixa de Gaza nesta quinta-feira. Segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo grupo terrorista Hamas, ao menos 112 pessoas foram mortas e 760 ficaram feridas. As Forças Armadas de Israel, que estavam na área para garantir a travessia do comboio de 38 caminhões, negam a acusação e dizem que as mortes decorreram de uma confusão durante a entrega dos suprimentos, com soldados tendo somente disparado para o ar e contra as pernas de um grupo que se aproximou de uma unidade militar israelense.

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Imagens de drone divulgadas pelo Exército de Israel mostram centenas de pessoas ao redor dos caminhões ao longo da estrada costeira de al-Rasheed, e um vídeo postado pela rede catari Al-Jazeera nas redes sociais inclui o áudio de tiros disparados perto de civis. Autoridades de Gaza e de Isral têm oferecido diferentes relatos sobre a tragédia: segundo funcionários de saúde do enclave, dezenas de pessoas foram levadas para hospitais com ferimentos a bala, tendo sido mortas ou feridas no que classificam de "massacre". Já autoridades israelenses dizem que as mortes foram consequência de “empurra-empurra, pisoteamento e atropelamentos [pelos caminhões]”.

Ao divulgar o primeiro vídeo do drone, que não inclui áudio, o Exército israelense alega que ele mostra uma debandada em massa em que residentes de Gaza são pisoteados, mas a qualidade e a duração dos clipes dificultam confirmar as alegações, aumentando as dúvidas sobre a sequência de eventos que levaram às mortes.

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A gravação foi editada pelo Exército israelense com vários clipes intercalados, omitindo um momento-chave antes que muitos na multidão começassem a correr para longe dos caminhões, com algumas pessoas aparentemente buscando proteção.

Após o corte, ao menos mais de dez corpos aparecem visíveis no chão, embora não esteja claro se as pessoas estão feridas ou mortas. Um pequeno número de indivíduos pode ter sido atingido por caminhões durante o pânico, e dois veículos militares israelenses também são visíveis no local.

Assista, abaixo, o vídeo divulgado:

Já vídeo gravado dentro de Gaza por uma afiliada da rede catari al-Jazeera mostra a multidão perto do comboio de ajuda. Em seguida, o som de tiros é capturado, e é possível ver várias munições traçantes no céu, um tipo de projétil que se acende para iluminar um caminho determinado e ajudar tropas a ajustar a mira em seus alvos. Apesar de o autor dos disparos não aparecer no vídeo, a trajetória dessas rajadas mostra que partem do sudoeste da estrada costeira de Al-Rasheed, região onde estavam estacionados os dois tanques visíveis no vídeo do drone, a apenas 250 metros de distância.

O Exército de Israel reconheceu que os soldados fizeram disparos, mas disse que foram de alerta e contra um grupo que teria se afastado do último caminhão do comboio. Atiraram “apenas diante do perigo, quando a multidão se moveu de forma que os colocou em risco”.

Outro vídeo, feito várias horas depois e postado no Instagram, mostra pelo menos uma dúzia de pessoas feridas em cima de um caminhão. Um médico de Gaza disse ter visto dezenas de mortos e feridos a bala deitados na rua, além de corpos de pessoas que pareciam ter sido pisoteadas ou atingidas por caminhões de ajuda.

Palestinos feridos e mortos foram transportados para vários hospitais no norte de Gaza, incluindo o Hospital al-Shifa, o Hospital Kamal Adwan e o Hospital Árabe al-Ahli, segundo autoridades. O Ministério da Saúde de Gaza disse que al-Shifa e outros hospitais no norte do enclave sofreram grandes danos desde o início da guerra, e que agora mal funcionam devido à escassez de combustível e suprimentos.