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Remédio comum para queda de cabelo pode proteger a saúde do coração, diz novo estudo americano

Uma pesquisa da Universidade de Illinois sugere que a finasterida pode ser capaz de reduzir o colesterol e diminuir o risco geral de doenças cardiovasculares

Agência O Globo - 01/03/2024
Remédio comum para queda de cabelo pode proteger a saúde do coração, diz novo estudo americano

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Illinois sugere que o medicamento finasterida, também conhecido como Propecia ou Proscar, que trata a calvície masculina e o aumento da próstata em milhões de homens em todo o mundo, também pode reduzir o colesterol e o risco geral de doenças cardiovasculares.

Os cientistas realizaram a pesquisa não só em humanos, mas em ratos também e tiveram resultados satisfatórios. Nos animais, por exemplo, que tomaram altas doses de finasterida, eles encontraram reduções em colesterol plasmático total, progressão retardada da aterosclerose, menor inflamação no fígado e benefícios relacionados.

“Quando analisamos os homens que tomaram finasterida na pesquisa, seus níveis de colesterol eram em média 30 pontos mais baixos do que os dos homens que não tomavam o medicamento. Achei que veríamos o padrão oposto, por isso foi muito interessante”, disse o principal autor do estudo, Jaume Amengual, professor assistente do Departamento de Ciência dos Alimentos e Nutrição Humana e da Divisão de Ciências Nutricionais, ambos da Faculdade de Agricultura, Ciências do Consumidor e Ambientais (ACES)na Universidade de Illinois.

A pesquisa, entretanto, tem suas limitações. Por mais emocionantes que fossem os resultados da pesquisa, eles tinham suas limitações. Dos quase 4.800 entrevistados que atendiam aos critérios gerais de saúde para inclusão na análise, apenas 155, todos homens com mais de 50 anos, relataram o uso de finasterida e os pesquisadores não conseguiram determinar por quanto tempo os participantes tomavam o remédio.

A aterosclerose, é uma condição na qual as placas de colesterol obstruem as artérias, causando derrame, ataque cardíaco e outras formas de doenças cardiovasculares. Como a doença é muito mais comum em homens do que em mulheres na pré-menopausa, os cientistas há muito tempo suspeitam que a testosterona tenha um papel importante na aterosclerose, embora seu papel não seja totalmente claro.

A finasterida atua bloqueando uma proteína encontrada nos folículos capilares e na próstata que ativa a testosterona. Depois de documentar a primeira ligação, embora observacional, entre a finasterida e a redução do colesterol nos homens, Amengual pediu ao estudante de doutoramento Donald Molina Chaves para verificar se o padrão se mantinha em ratos.

O estudante testou quatro níveis de finasterida – 0, 10, 100 e 1.000 miligramas por quilograma de alimento – em camundongos machos geneticamente predispostos à aterosclerose. Os ratos consumiram a droga, juntamente com uma dieta rica em gordura e colesterol, durante 12 semanas.

“Os ratos que receberam uma dose elevada de finasterida apresentaram níveis mais baixos de colesterol no plasma e também nas artérias. Também havia menos lipídios e marcadores inflamatórios no fígado”, afirmou Chaves.

Embora os efeitos só tenham sido significativos na dose mais elevada, um nível que Amengual considera ultrajante para os humanos — os homens tomam doses de 1 miligrama ou 5 miligramas de finasterida diariamente para queda de cabelo e aumento da próstata, respectivamente — ele explica que os ratos metabolizam a finasterida de forma diferente das pessoas.

“Na última década, os médicos começaram a prescrever este medicamento para indivíduos em transição de homem para mulher ou de mulher para homem. Em ambos os casos, as alterações hormonais podem desencadear queda de cabelo”, disse. “O interessante é que as pessoas trans também correm maior risco de doenças cardiovasculares. Portanto, este medicamento pode ter um efeito potencialmente benéfico na prevenção de doenças cardiovasculares, não apenas em homens cis, mas também em indivíduos transexuais”.

O pesquisador afirma ainda que, como qualquer outro remédio, a finasterida também tem seus riscos e antes de usá-lo, os pacientes devem procurar e consultar um médico.