Internacional
Novo vídeo de Israel mostra civis correndo atrás de caminhões de ajuda em Gaza, acompanhados por um tanque
Porta-voz do Exército afirma que militares não dispararam contra a multidão, contrariando a versão do Hamas e até falas anteriores do governo israelense
Ao final de um dia que começou com a morte de dezenas de palestinos que tentavam chegar a caminhões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, o Exército de Israel divulgou um novo vídeo do episódio, e reiterou que, ao contrário do que afirmam as autoridades do grupo terrorista Hamas e da Autoridade Nacional Palestina, realizaram apenas disparos de advertência. O episódio ocorreu no dia em que o número de mortos no conflito entre Israel e Hamas chegou a 30 mil.
O novo vídeo foi divulgado em uma mensagem do porta-voz do Exército, Daniel Hagari, na qual ele mudou a versão inicialmente divulgada, de que os militares que protegiam os caminhões atiraram para o alto e depois nas pernas dos palestinos, em um ato de “legítima defesa”. Na mensagem, Hagari negou que tenham sido feitos disparos contra os civis, e disse que as mortes foram causadas depois que milhares de pessoas “correram atrás dos caminhões, com alguns deles empurrando violentamente e pisando em outras pessoas até a morte, saqueando os suprimentos humanitários”.
Ao contar a narrativa oficial israelense, Hagari apresentou imagens feitas com drones, usando câmeras de visão noturna, mostrando inicialmente uma multidão cercando um dos caminhões, aparentemente tentando acessar a carga — ao lado do caminhão, um tanque pode ser visto, e o porta-voz israelense disse que o veículo fazia parte da escolta.
Hagari reconhece que os tanques realizaram “alguns disparos de advertência”, depois de verem os civis subindo nos caminhões — em entrevista à rede al-Jazeera, o chefe da enfermagem do Hospital al-Shifa,Jadallah al-Shafei, muitos dos feridos e dos mortos que chegaram ao local apresentavam ferimentos causados “por disparos diretos de tanques, drones e armas de fogo”.
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Logo depois há um corte, e as imagens passam a mostrar um dos caminhões se afastando em alta velocidade, enquanto algumas dezenas de pessoas correm atrás dele.
— Você pode ver o quão cautelosos eles foram quando estavam na retaguarda. Fizeram seu trabalho de forma segura, arriscando suas próprias vidas, sem disparar contra a multidão — disse Hagari. — As Forças de Defesa de Israel (como o Exército local se autodenomina) operam de acordo com as regras de conduta e com a lei internacional. Nenhum ataque das Forças Armadas foi conduzido na direção do comboio de ajuda.
Segundo as autoridades do Hamas e o relato de testemunhas, incluindo jornalistas, os militares israelenses dispararam contra a multidão quando ela se aproximou de alguns dos 38 caminhões de ajuda que entraram em Gaza na madrugada desta quinta-feira. Imagens da rede al-Jazeera mostram pessoas correndo e buscando abrigo, enquanto disparos podem ser ouvidos ao fundo. Representantes do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, dizem que 112 pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas, na maioria vítimas de disparos israelenses.
Horas antes da declaração de Hagari, os militares divulgaram um outro vídeo, também feito com um drone, mostrando milhares de pessoas cercando os caminhões em busca de alimentos ou ajuda de qualquer tipo, em uma região é prevalente e o acesso a bens básicos, como água e medicamentos, é extremamente escasso. Segundo a ONU, a maior parte da população de 2,2 milhões de pessoas de Gaza está ameaçada pela fome, especialmente no Norte, onde poucas estruturas ainda estão em pé.
Depois de um minuto há um corte, e as imagens mostram que a maior parte da multidão foi dispersada, e é possível ver o que parecem ser corpos no chão. Depois são feitos mais dois cortes, mostrando os caminhões em movimento e com algumas pessoas ainda tentando subir neles, mas não há indicação se as imagens seguem uma sequência temporal dos fatos.
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As mortes causaram uma onda de críticas e pedidos de esclarecimentos, inclusive de aliados, como os EUA: em declarações à imprensa, o presidente Joe Biden disse que as mortes devem complicar as negociações sobre um cessar-fogo em Gaza. Em entrevista coletiva, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, afirmou que “está em contato com o governo israelense desde cedo, e que entende que está sendo realizada uma investigação”, que será acompanhada de perto.
— Buscamos de maneira urgente informações suplementares sobre o que aconteceu exatamente — disse Miller.
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