Internacional
Hamas e Fatah vão a Moscou negociar nova formação da Autoridade Nacional Palestina após renúncia de premier
Saída de Mohammad Shtayyeh abre caminho para reformas dentro da organização em meio a discussões sobre um governo da ANP após o fim da guerra em Gaza; Fatah descarta coalização com Hamas
Representantes do Hamas e do Fatah se reunirão em Moscou na quinta-feira para negociar a formação de uma unidade de governo para os territórios palestinos após a renúncia do primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mohammad Shtayyeh, na segunda-feira. A informação foi divulgada pela agência de notícias russa Ria Novosti, por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Além do controle da Cisjordânia, o encontro também discutirá o "dia seguinte" da guerra em Gaza, incluindo a possibilidade de ampliação do poder da ANP para conduzir a reconstrução do enclave.
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O ministro das Relações Exteriores da ANP, Riyad al-Maliki, disse nesta quarta-feira não esperar "milagres" nas negociações na capital russa. Segundo ele, a expectativa é que seja possível chegar a um consenso entre as representações palestinas quanto aos riscos de uma coalização nacional que inclua o Hamas.
— É claro que não esperamos que milagres aconteçam em apenas uma simples reunião em Moscou, mas acredito que a reunião em Moscou deve ser seguida por outras reuniões na região em breve — afirmou al-Maliki em coletiva de imprensa. — Esperamos que haja bons resultados em termos de entendimento mútuo entre todas as facções sobre a necessidade de apoiar o governo tecnocrático que surgirá.
Segundo o chanceler palestino, a prioridade da nova administração é garantir a entrada de assistência humanitária aos palestinos e estudar como será a reconstrução de Gaza.
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— A primeira coisa é saber como salvar a situação, como salvar vidas inocentes de palestinos, como parar esta guerra sem sentido e como proteger o povo palestino. Por isso, acho que o Hamas deve entender isso e acho que apoiariam a ideia de estabelecer um governo tecnocrata — disse al-Maliki. —Agora não é o momento para um governo do qual o Hamas faça parte porque será boicotado por vários países, como aconteceu antes. Não queremos estar em uma situação como esta. Queremos ser aceitos e nos comprometer plenamente com a comunidade internacional.
Mohammad Shtayyeh, que está a frente da ANP desde 2019, renunciou na segunda-feira alegando ser necessário um novo comando palestino que considere “a realidade emergente na Faixa de Gaza e a escalada na Cisjordânia e Jerusalém”. O presidente da ANP, Mahmud Abbas, acatou o pedido, mas pediu que ele permaneça no cargo até a formação do novo governo.
Com a saída de Shtayyeh, Abbas deve dar início a uma série de reformas na ANP, segundo fontes ouvidas pelo jornal israelense Haaretz. A mudança simboliza o desejo do presidente palestino de manter a liderança a organização, em meio ao eco da comunidade internacional pela criação de um Estado palestino.
— Queremos mostrar nossa prontidão... para nos engajarmos e estarmos prontos, apenas para não sermos vistos como um obstáculo entre a implementação de qualquer processo que deva ser levado adiante — disse al-Maliki.
Recentemente, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, instou a ANP a exercer controle sobre a Faixa de Gaza após a guerra. Na última quinta-feira, o primeiro-ministro de Israel, Antony Blinken, apresentou seus planos para o pós-guerra, afirmando que não permitirá que a ANP volte a governar Gaza, embora em alguns momentos tenha indicado que a rejeição seria à configuração atual do órgão, o que poderia mudar diante de uma reforma.
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