Internacional
'É hora para uma nova geração de líderes': após 17 anos, Mitch McConnell deixará liderança republicana no Senado
Senador pelo Kentucky ocupará o posto até novembro; decisão ocorre em meio a debate sobre idade de principais nomes da política nos EUA
O líder republicano no Senado dos EUA, Mitch McConnell, anunciou nesta quarta-feira que deixará o posto em novembro, no que será o ponto final de um período de 17 anos no comando do partido na Casa, seja como maioria, seja como minoria. No discurso em que confirmou a decisão, o senador pelo estado do Kentucky deu a entender que sua decisão é uma oportunidade para a chegada de novas caras na política do país.
— Não sou mais o homem jovem que se sentava no fundo esperando que os colegas se lembrassem de meu nome. É a hora para uma nova geração de líderes— disse McConnell, também confirmando que cumprirá seu mandato como senador, até janeiro de 2027, mesmo após sair da liderança. — Ainda tenho gasolina no meu tanque para desapontar ainda mais meus críticos, e pretendo fazê-lo com todo o entusiasmo com o qual eles se acostumaram.
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Eleito senador pelo Kentucky em 1984, mesmo ano em que seu colega de partido, Ronald Reagan, conseguiu mais um mandato na Casa Branca, McConnell, hoje com 82 anos, jamais perdeu uma reeleição, e aos poucos foi se firmando como um dos principais nomes do Partido Republicano no Congresso. Em 2007, sucedeu Bill Frist na liderança da sigla no Senado, e se tornou o mais longevo parlamentar a ocupar o posto na história, um período marcado por decisões difíceis e turbulências que ainda se fazem sentir entre seus correligionários.
Em um caso emblemático, em 2016,liderou os esforços para impedir que o então presidente Barack Obama indicasse, em seus últimos dias no cargo, Merrick Garland para a Suprema Corte. A pressão deu resultado, e coube a Donald Trump nomear, já eleito, Neil Gorsuch, na primeira de uma série de indicações de nomes conservadoras à Corte feitas pelo republicano. Após a invasão do Capitólio por trumpistas, em janeiro de 2021, ele votou contra o impeachment de Trump, mas posteriormente disse que o ex-presidente era "responsável prática e moralmente" pelo ataque.
Ao mesmo tempo, costurou acordos com os democratas em momentos decisivos, como em legislações de controle de armas e infraestrutura, importantes nos primeiros meses do governo de Joe Biden, seu ex-colega de Senado, e tem sido uma das vozes republicanas a sair em defesa da aprovação de um pacote de US$ 60 bilhões para a Ucrânia. O texto está parado na Câmara, por objeção de boa parte da maioria republicana.
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O anúncio vem em um momento turbulento para seu partido. Disputas internas, motivadas pela pressão de grupos radicais e do ex-presidente Donald Trump, têm impedido a aprovação de pautas importantes, e posto em xeque a capacidade da sigla de exercer uma liderança factível.
O próprio McConnell foi alvo de ataques da base depois de acertar os detalhes do pacote de ajuda à Ucrânia, que, a pedido dos republicanos, incluía medidas mais duras para a imigração — senadores como Ted Cruz, do Texas, chegaram a pedir sua saída imediata do cargo. A relação com Trump também não é das melhores, embora, nos bastidores, esteja sendo costurado um anúncio oficial de apoio do senador ao ex-presidente, algo que ainda não aconteceu.
Ainda não se sabe quem vai sucedê-lo no comando dos republicanos, seja na minoria ou na maioria, a depender dos resultados das eleições de novembro, quando um terço da Casa será renovado. Alguns nomes já surgem em destaque, como John Cornyn, que trabalhou com os democratas para a aprovação de uma nova legislação armamentista, John Barasso e John Thune, hoje více-líder.
Como McConnell pontuou em seu discurso no Senado, a idade foi um fator considerado na decisão. No ano passado, ele sofreu uma queda, e "congelou" ao menos duas vezes em entrevistas coletivas. E a declaração de que o partido (ou o país) precisa de novas lideranças pode ser inserida na discussão sobre os dois virtuais candidatos à Casa Branca em novembro, Joe Biden, de 81 anos, e Donald Trump, de 77 anos. Lapsos recentes do democrata motivaram falas etaristas, até mesmo de aliados, e Biden usou o tema para atacar o republicano na segunda-feira, durante um programa de entrevistas.
— Você tem que olhar também para o outro cara. Ele é tão velho quanto eu, mas ele não consegue lembrar do nome da própria mulher — disse o presidente, se referindo ao discurso de Trump, no fim de semana, quando o republicano chamou a ex-primeira-dama, que se chama Melania, de "Mercedes".
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