Internacional

Governo Milei amplia a proibição do uso de linguagem inclusiva para toda a administração nacional

Agência O Globo - 27/02/2024
Governo Milei amplia a proibição do uso de linguagem inclusiva para toda a administração nacional
Javier Milei

O governo do presidente argentino Javier Milei estendeu a proibição do uso de linguagem inclusiva para toda a administração nacional do país, informou nesta terça-feira o porta-voz presidencial Manuel Adorni. Antes, a decisão havia sido aplicada nas Forças Armadas e em todos os órgãos do Ministério da Defesa, segundo uma resolução publicada na página da Presidência na última sexta-feira.

Em entrevista coletiva, Adorni afirmou que o governo “iniciará procedimentos para abolir a linguagem inclusiva e a perspectiva de gênero em toda a administração pública nacional”. O porta-voz também declarou que “a língua que contempla todos os setores é o espanhol”, e que o assunto faz parte de “um debate” que o governo não irá participar porque considera que “as perspectivas de gênero também têm sido usadas como negócio da política, e isso não tem discussão”.

Embora o uso da linguagem inclusiva fosse discricionário, muitas dependências do Estado passaram a adotá-la como regra habitual. Entre eles, o Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), cujo fechamento foi anunciado pelo governo na semana passada, quando Adorni o incluiu em uma lista de órgãos que “não servem para nada”.

‘Sargenta’ e ‘soldadxs’

Conforme as novas diretrizes, “não se poderá usar a letra ‘e’, o arroba, o ‘x’ (para citar o gênero) ou evitar inclusões desnecessárias do feminino em todos os documentos da administração pública”. No caso das Forças Armadas, não será permitido o uso de “sargenta” para as mulheres, ou “soldadxs” para pessoas não-binárias. A resolução foi assinada na última sexta-feira pelo ministro da Defesa, Luis Petri.

Milei, que se refere a si mesmo como um “libertário anarcocapitalista”, nunca escondeu sua oposição à linguagem inclusiva e ao que ele se refere como “ideologia de gênero”. De acordo com o presidente, isso faz parte da “doutrinação” do “marxismo cultural”, um suposto movimento para reverter a ordem social no Ocidente.