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Primeiro-ministro palestino renuncia em meio a pressão por reformas no pós-guerra em Gaza

Agência O Globo - 26/02/2024
Primeiro-ministro palestino renuncia em meio a pressão por reformas no pós-guerra em Gaza

O primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mohammad Shtayyeh, anunciou nesta segunda-feira a sua renúncia ao cargo. A decisão ocorre em meio à crescente pressão dos EUA e dos países árabes para que o órgão seja reformado, e marca uma provável mudança dentro da ANP, que busca estabelecer um papel para si mesma no governo dos territórios palestinos no pós-guerra Israel x Hamas.

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— Apresentei a demissão do governo ao presidente [Mahmud Abbas] em 20 de fevereiro, e submeto hoje por escrito — disse Shtayyeh, explicando que é necessário levar em conta “a realidade emergente na Faixa de Gaza e a escalada na Cisjordânia e Jerusalém”. — A próxima etapa e os seus desafios exigem novos arranjos governamentais e políticos — continuou ele, que assumiu o cargo em 2019.

Abbas ainda não decidiu se aceita o pedido de renúncia e, de acordo com fontes em Ramallah ouvidas pelo Haaretz, pretende aproveitar o anúncio para impulsionar iniciativas como parte das reformas do “pós-guerra” dentro da ANP. Desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro, o presidente palestino tem sido criticado por sua impotência diante dos bombardeios no enclave e do aumento da violência na Cisjordânia.

Planos para o pós-guerra

Em entrevista à AFP na semana passada, o opositor Nasser al-Kidwa, ex-chefe da diplomacia palestina, afirmou que um “divórcio amistoso” de Abbas deveria ocorrer. Ele defendeu a renovação da liderança palestina, e sugeriu que o Hamas “será enfraquecido” após o conflito. Em janeiro, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, propôs um plano pós-guerra no qual Gaza seria controlada por “entidades palestinas”.

— O Hamas não governará Gaza, e Israel não governará os civis de Gaza — assegurou Gallant ao apresentar seu plano à imprensa. — Os habitantes de Gaza são palestinos. Consequentemente, as entidades palestinas estarão encarregadas [da gestão], na condição de que não haja nenhuma ação hostil ou ameaça contra o Estado de Israel — acrescentou.

Já na última quinta-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, apresentou os seus planos para o pós-guerra em Gaza. Netanyahu sugeriu a instalação de “autoridades locais” não afiliadas ao terrorismo para substituir o Hamas e administrar os serviços locais, o fechamento da agência de assistência da ONU para refugiados palestinos e a “liberdade indefinida” para atuação do Exército no enclave.

O primeiro-ministro se limitou a dizer que não permitirá que a ANP volte a governar Gaza, embora em alguns momentos tenha afirmado que Israel não aceitará a administração do órgão em sua forma atual, indicando que o país poderia conviver com a autoridade caso ela seja reformulada. Antes do Hamas assumir o controle da região, em 2007, o enclave era liderado pelo Fatah, partido político associado à ANP. (Com AFP e Bloomberg)