Internacional
Chanceleres evitaram falar sobre crise diplomática entre o Brasil e Israel no G20
Assunto era considerado 'teto de vidro' para membros de delegações estrangeiras
Durante as quase quatro horas de encontro, as 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia (UE), União Africana (UA), 11 países e 13 organismos internacionais convidados passaram em revista a turbulenta geopolítica mundial na primeira rodada de reuniões de chanceleres do G20 realizada na Marina da Glória, no Rio. Mas um assunto ficou de fora: o imbróglio diplomático que envolve Brasil e Israel desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as ações de israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto.
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Embora o tema tenha sido mencionado pela delegação da Turquia, que teria elogiado a posição do presidente brasileiro em relação ao conflito na região, os demais, porém, não citaram o assunto. Por considerarem se tratar de questão bilateral entre Brasil e Israel e por terem eles próprios “seus telhados de vidro” — conforme disseram membros de delegações estrangeiras, em off, por serem países de grandes populações muçulmanas ou judaicas para se meterem com este tema sabidamente espinhoso no meio diplomático —, muitos preferiram deliberadamente evitá-lo.
Mesmo nas conversas bilaterais, passou-se ao largo do tema, que não rendeu a atenção que alguns imaginavam.
Rússia é alvo de críticas
A Rússia de Vladimir Putin, no entanto, foi alvo de críticas pesadas. E a maior delas referiu-se à morte de Alexei Navalny, o maior opositor do Kremlin, o que participantes chamaram de “political assassination” (assassinato por motivações políticas, em tradução livre) — expressão considerada pesada no jargão diplomático.
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A Rússia, de sua parte, acusou o Ocidente de hipocrisia ao lidar com a crise na Ucrânia. Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores daquele país insistiu que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar egressa dos temos da Guerra Fria, expandiu-se em direção às fronteiras russas, coisa que as nações do Ocidente prometeram que não fariam. Lavrov, no entanto, acenou com uma boa notícia para o governo brasileiro. Manifestou de público o apoio russo ao Brasil e à Índia como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
No geral, os organizadores do encontro consideraram o primeiro dia de reunião dos chanceleres um sucesso, com alto índice de comparecimento. Entre os integrantes do G20, somente a Itália, China e Índia deixaram de enviar seus ministros. Mas mandaram seus vices. Entre os convidados, o mesmo só aconteceu com a Espanha.
*Especial para O GLOBO.
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