Internacional

Amor de mãe foi fundamental para mulher voltar a falar após cinco anos em coma, dizem médicos

Mãe nunca saiu do lado da filha e lutou durante anos pela sua recuperação, que finalmente está acontecendo

Agência O Globo - 21/02/2024
Amor de mãe foi fundamental para mulher voltar a falar após cinco anos em coma, dizem médicos

Aos 35 anos, a americana Jennifer Flewellen estava dirigindo para o trabalho, em 25 de setembro de 2017, quando sofreu um grave acidente que mudou sua vida para sempre. Ela tinha acabado de deixar seus três filhos na escola e sentiu uma tontura enquanto falava ao telefone com o marido, de acordo com sua mãe, Peggy Means. “Ela simplesmente saiu da estrada e bateu em um poste e, a partir daí, tudo mudou”, disse Peggy ao Good Morning America. A mãe nunca saiu do lado da filha e lutou durante anos pela sua recuperação, que finalmente está acontecendo. A história foi publicada esta semana no site ABC News e ganhou repercussão internacional.

MC Daniel narra preconceito em 1ª classe de voo: 'Antes eu fazia barraco, agora finjo que não é comigo'

Vítima de ataque de tubarão investe na carreira de modelo erótica: 'Cicatriz fascina'

Logo após o acidente, Jennifer foi colocada em aparelhos de suporte vital e em coma induzido. Os médicos não achavam que ela sobreviveria. “Eles me encorajaram, no segundo ou terceiro dia, a retirá-la [do suporte de vida]”, lembra Peggy. “Eu disse: 'Não, não vamos fazer isso'. E então, a cada dia, eles me encorajavam mais, e eu dizia: 'Não, está nas mãos de Deus'", lembra.

Nos cinco anos seguintes, enquanto Jennifer permaneceu em coma, definido clinicamente como o estado de estar inconsciente e sem resposta a estímulos, Peggy continuou acreditando na recuperação de sua filha. "Lembro-me de uma enfermeira respiratória que me disse: 'Bem, você sabe, ela só vai piorar', e eu disse a ela: 'Nunca mais diga isso para mim e nunca diga isso perto da minha filha'", lembra. "Eu diria: 'É muito fácil ser negativo, mas não temos espaço para negatividade'", completou.

Durante o coma, Jennifer foi transferida para pelo menos cinco hospitais e instituições de cuidados de longa duração diferentes. A cada transferência, Peggy lutou para garantir que sua filha recebesse o melhor atendimento possível — desde fisioterapia até atendimento médico. “

Mas ela disse que à medida que o tempo passava, ela, muitas vezes, sentia como se sua filha estivesse esquecida. “Seus amigos pararam de vir”, disse. Segundo a mãe, o marido da filha e os filhos de Jennifer seguiram com suas vidas. Ela disse que durante muitos anos, amigos, familiares e até médicos e enfermeiras questionaram por que ela ainda estava tão esperançosa, já que Jennifer não mostrava sinais de progresso. “Sempre senti como se ela estivesse lá. Eu simplesmente senti".

Peggy continuo visitando a filha quase diariamente durante cinco anos.

Em um dia ensolarado de agosto de 2022, Means disse que levou Jenn para fora, seguindo sua rotina de sentar-se sob o sol quente enquanto conversava. Desta vez, porém, quando Peggy contou uma piada, ela disse que Jenn, pela primeira vez em cinco anos, respondeu. “Ela começou a rir”, disse Peggy.

Nos dias seguintes, ela continuou levando a filha para fora, e ela continuou respondendo por breves momentos, balançando a cabeça dizendo 'sim' e 'não'”. Nas semanas seguintes, com a ajuda da terapia da fala e do incentivo de Peggy, a filha passou de um pequeno assobio a um grunhido e passou a ser capaz de dizer vogais.

Não existem muitas estatísticas sobre pacientes que se recuperam de um coma prolongado porque isso não acontece com frequência, dizem os especialistas. Para alguém como Jenn, que esteve em estado vegetativo persistente por vários anos, apenas 2% a 3% dos pacientes podem sair do coma, disse Ralph Wang, fisiatra do Mary Free Bed Rehabilitation Hospital, em Grand Rapids, Michigan.

O que torna o caso dela ainda mais único, segundo o médico, é que ela não apenas acordou, mas está alerta e recuperando habilidades como falar. “Ela ainda tem muito potencial”, disse Wang ao GMA, observando que, embora os médicos nem sempre consigam identificar por que uma pessoa acorda ou não do coma, Jenn tinha várias vantagens a seu favor. “Muito disso provavelmente se devia à biologia natural. A idade de Jenn também funcionou muito bem para ela, além de sua mãe realmente cuidando bem dela”, disse. “E há um aspecto da luta, motivação, resiliência ou espírito de alguém, como você quiser chamar, que definitivamente influencia — o impulso de Jenn e o impulso de sua mãe”, completou.

Em julho passado, menos de um ano depois de acordar do coma, Jenn voltou para casa para viver em tempo integral com a mãe, que conseguiu se aposentar em maio, aos 60 anos, e se tornar cuidadora em tempo integral. Em casa, Jenn se reuniu com seus três filhos, que agora estão no final da adolescência, e descobriu que é avó de uma menina de 1 ano. O filho mais velho de Jen foi morar com ela e a com a avó. Jenn completou dezenas de horas de terapia física, fonoaudiológica e ocupacional no Mary Free Bed Rehabilitation Hospital. Wang descreveu as duas mulheres como “heroínas” pela maneira como superaram as probabilidades. “Esta é uma história sobre Jenn, mas também é uma história sobre a mãe dela, como uma heroína desconhecida”, disse Wang. “Muitas vezes, as pessoas não se dão bem em lares de idosos ou mesmo em casa porque seus cuidadores ficam exaustos ou ocupados. Nesse caso, a mãe dela realmente dirigia tudo, especialmente enquanto Jenn estava em coma", continuou.

Além das terapias contínuas, Jenn deverá passar por diversas cirurgias para afrouxar as articulações contraídas, o que deve ajudar a torná-la mais independente.