Política
Ex-aliadas, Marina Silva e Heloísa Helena lançam pré-candidatos diferentes à prefeitura de BH
Ministra do Meio Ambiente e senadora encabeçam alas diferentes dentro da Rede Sustentabilidade; racha teve início após divergência em torno de apoio a Lula

A rixa interna entre as alas das ex-aliadas Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, e Heloísa Helena, ex-senadora, na Rede Sustentabilidade ganhou um novo capítulo nesta semana. Desta vez, em referência à disputa à prefeitura de Belo Horizonte, para a qual os grupos defendem nomes diferentes.
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Em menos de sete dias, as alas protagonizaram um embate público ao anunciar pré-candidatos conflitantes. Tudo começou no último sábado, quando o grupo da ex-senadora lançou o porta-voz da legenda e ex-vice-prefeito, Paulo Lamac. Nesta segunda-feira, todavia, a ministra indicou que estará na capital mineira no próximo dia 24 para fazer um anúncio semelhante, mas em cima do nome da deputada estadual Ana Paula Siqueira.
A viabilidade do nome de Lamac já vinha sendo costurada pela ala de Heloísa Helena desde julho passado, quando o grupo de Marina ainda defendia a possibilidade do partido participar de uma frente ampla da esquerda na capital.
O nome de Ana Paula Siqueira começou a ser ventilado no final do ano passado e a deputada confirmou sua intenção de se candidatar pelas redes sociais, nesta segunda-feira, ao anunciar o evento de seu lançamento.
Aliado de Marina Silva, o coordenador nacional de Organização da Rede Giovanni Mockus afirma que as pré-candidaturas não teriam relação com qualquer rixa interna:
— É democrático que qualquer filiado postule candidaturas. A Rede defende a autonomia interna das instâncias e as eleições municipais ainda não foram discutidas pelo diretório. Vejo os lançamentos como um processo normal e totalmente legítimo: Ana Paula é uma das deputadas mais votadas e Paulo, por outro lado, foi vice-prefeito. Posteriormente, o partido tem as ferramentas internas para decidir quem disputará.
Além da disputa interna entre candidatos, o partido ainda terá que enfrentar um terceiro impasse, motivado pela federação com o PSOL. Isto porque o partido aliado já havia lançado o nome da deputada estadual Bella Gonçalves, que tem defendido publicamente a necessidade de que a sigla tenha candidatura própria em Belo Horizonte.
Segundo a legislação eleitoral, apenas um dos três políticos poderá ir às urnas representando a federação. Neste contexto, os partidos terão que escolher um nome até agosto, data em que os candidatos são definidos durante as convenções.
Impasses em outras capitais
Além de Belo Horizonte, as alas de Marina Silva e Heloísa Helena tem outros impasses em outras capitais. O principal ocorre em Recife, onde o único deputado federal do partido, Túlio Gâdelha manifestou o desejo de concorrer à prefeitura.
O plano político do parlamentar tem o apoio de Marina, sua principal aliada na sigla, mas enfrenta entraves com o diretório local da legenda. Por conta da federação com o PSOL, Heloísa deu a entender que deixará a sigla aliada tomar as rédeas na capital pernambucana e lançar a deputada estadual Dani Portela na disputa. Neste contexto, Túlio ficaria de fora da eleição.
Natal é outra capital em que os grupos de Marina e Heloísa não se entendem. O apoio da Rede a Natália Bonavides (PT) tem gerado desconforto. A ala ligada à ministra do Meio Ambiente, representada pelo porta-voz estadual, João Gentil, defende que o partido esteja no palanque da deputada. No entanto, o PSOL ainda não descartou a possibilidade de lançar um nome próprio, o que é avaliado como uma melhor opção pelo grupo da ex-senadora.
Divisão interna
Os grupos de Marina e Heloísa passaram polarizaram a Rede Sustentabilidade. Na executiva nacional, 53% dos integrantes fazem parte do ala da ex-senadora, enquanto 47% estão com a ministra. O impasse entre os grupos tem um viés ideológico por trás: enquanto a ministra se declara sustentabilista, a ex-senadora defende o ecossocialismo, que associa a preservação do meio ambiente à mudança do sistema econômico.
No ano passado, a tensão entre os grupos chegou, inclusive, à Justiça. Isso porque, em agosto, a tesoureira Juliana de Sá, aliada de Marina, foi afastada de seu cargo. Após uma liminar, o grupo da ministra restabeleceu o cargo. Nos bastidores, seus aliados acusam Heloísa Helena de fazer uma gestão autoritária.
Além das brigas internas, outro ponto de diferença entre as alas é o alinhamento ao governo federal. De um lado, o grupo de Marina, junto com a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, Túlio Gadêlha e a deputada estadual Marina Helou são aliados do presidente Lula. Do outro, a ala de Heloísa mantém críticas à gestão petista.
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