Economia
Paraisópolis recebe primeira agência física do G10 Bank, o 'banco das favelas'
Com foco na população de baixa renda, instituição ocupa brecha deixada pelos bancos tradicionais e aposta na proximidade com o cliente para ampliar acesso ao crédito

Segunda maior favela de São Paulo, Paraisópolis ganhou neste mês a primeira agência bancária do G10 Bank, banco digital nascido na favela e voltado para o apoio aos pequenos e micronegócios nas comunidades.
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A expectativa é inaugurar mais quatro agências ainda no primeiro semestre deste ano, nas favelas Casa Amarela (Pernambuco), Aglomerado da Serra (Minas Gerais), Heliópolis (São Paulo) e Sol Nascente (Distrito Federal).
De médio porte, a agência bancária conta com cerca de dez funcionários e prevê uma série de serviços aos clientes: desde a conta corrente até produtos tradicionais como consórcio, seguro de vida e auxílio funeral.
Quem já tem acesso digital ao banco agora pode ampliar seu relacionamento com o gerente na agência física, por exemplo.
— Estamos buscando levar crédito barato, dando oportunidade aos empreendedores. À medida que a gente ajuda a comunidade a empreender, geramos trabalho e renda. É um banco completo com uma série de oportunidades para que o morador possa crescer e se desenvolver — afirma Gilson Rodrígues CEO do G10 Bank e presidente nacional do G10 Favelas.
A chegada da agência física também vai permitir que o G10 Bank cadastre todos os pontos comerciais de Paraisópolis. O banco quer entender as necessidades dos comerciantes da região e criar novos produtos financeiros personalizados e adequados à realidade dos empreendedores locais.
Proximidade com o cliente
A iniciativa vai na contramão dos "bancões", que vêm reduzindo o número de agências físicas. Além disso, segundo Rodrígues, a abertura de agências ajuda a ampliar o acesso a serviços financeiros de uma população que ainda vive uma situação do analfabetismo funcional e digital.
— A partir da experiência do físico, estabelecemos não só a confiança para que o cliente possa operar no digital, mas também permitimos que o cliente tenha alguém perto de casa para poder tirar dúvidas, orientá-lo e recebê-lo bem.
Ele complementa:
— O digital por vezes é frio e tem respostas programadas pela inteligência artificial. E o avanço tecnológico ainda carece de investimento para que as pessoas possam alcançá-lo. Com isso, muita gente é deixada para trás. O relacionamento pessoal traz a gente de volta à origem.
Rodríguez diz que a população de 20 milhões de brasileiros (que moram nas favelas) é considerada "não-cliente", "cliente problema" ou um "cliente muito desafiador para os bancos tradicionais.
— Acabamos fugindo do padrão (dos grandes bancos) porque por vezes temos endereço irregular, moramos em bairros informais e não conseguimos comprovar renda ou abrir CNPJ — lembra Rodrígues.
Análise de crédito diferenciada
O G10 Bank é focado na concessão de crédito e acesso ao sistema financeiro pelas pessoas de baixa renda. Nesse sentido, a proximidade com o cliente a partir da agência bancária física faz toda a diferença na operação.
Outro diferencial é o processo de análise de crédito. O G10 Bank conta com uma análise própria desenvolvida a partir do LiftLab, programa de inovação do Banco Central, que prevê um novo score (pontuação) de crédito.
Foi estabelecido um questionário no aplicativo do banco onde cada interessado responde perguntas que atendem cinco critérios definidos como os '5 Cs': caráter (que mede seu engajamento na comunidade local), condições (finalidade do uso do dinheiro), capacidade (renda mensal), capital (tempo de residência na comunidade) e colateralidade (se tem planos ou projetos financeiros definidos).
— Em vez de consultar o CPF no SPC ou Serasa, temos o questionário dos '5 Cs', que estabelece o dia a dia do empreendedor. A partir de pontuações que vai de 1 a 25 pontos, estabelecemos o valor do crédito. Com 15 pontos, a pessoa já pode receber um crédito de R$ 2 mil. Para aquele que não conseguir alcançar essa pontuação, oferecemos uma formação para que ele possa ter acesso a esse crédito no futuro — explica o executivo.
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