Internacional
Em Cuba para iniciar tour pela América, chanceler russo critica os EUA: ‘querem manter hegemonia’
Países ocidentais reforçaram sanções contra a Rússia após a invasão à Ucrânia
O chanceler russo, Sergei Lavrov, criticou nesta segunda-feira a "hegemonia" e o "domínio" que os Estados Unidos e outras nações do Ocidente tentam impor na ordem internacional, ao iniciar em Cuba um giro pela América Latina, que incluirá visitas ao Brasil e à Venezuela. Os Estados Unidos e outros países ocidentais "querem manter seu domínio e sua hegemonia" e, com esse fim, recorrem a meios que "não incluem a diplomacia, mas sim a chantagem, os ultimatos, as ameaças, o uso da força militar bruta e das sanções", disse o chefe da diplomacia russa ao se reunir em Havana com o colega cubano, Bruno Rodríguez.
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Cuba "conhece de primeira mão o que é uma pressão ilegal, um embargo total, que os Estados Unidos defendem sozinhos como um curso de ação legítimo", acrescentou, de acordo com o seu discurso publicado em russo no site da chancelaria em Moscou.
Após um distensão alcançada no governo de Barack Obama (2009-2017), Donald Trump endureceu o embargo que Washington mantinha contra Cuba há mais de seis décadas, o que não mudou sob a gestão do atual chefe de Estado americano, Joe Biden.
Estados Unidos e outros países ocidentais reforçaram as sanções contra a Rússia após a invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Depois que o chanceler cubano o recebeu como um "um aliado próximo", Lavrov se reuniu com o presidente, Miguel Díaz-Canel.
"Conversamos sobre a dinamização das relações bilaterais em temas de interesse comum, e sobre assuntos relevantes da agenda internacional", publicou o presidente em sua conta na rede social X.
O funcionário russo deve iniciar amanhã uma Venezuela e posteriormente viajar ao Brasil, para um encontro com chanceleres do G20. Esta é a segunda visita do ministro russo à ilha em menos de um ano, após uma forte aproximação desde novembro de 2022, quando Díaz-Canel se reuniu em Moscou com o homólogo russo, Vladimir Putin.
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No relançamento de relações, no ano passado, ambos países firmaram diversos acordos em diferentes setores, o que suscitou frequentes visitas de altos funcionários russos e cubanos. O comércio bilateral aumentou nove vezes em 2023 em relação a 2022, quando as trocas comerciais entre Cuba e Rússia alcançaram os 450 milhões de dólares (R$ 2,3 bilhões na cotação da época), segundo números oficiais russos.
Esta aproximação ocorre em um momento em que Cuba vive a pior crise econômica em três décadas, com escassez de produtos e uma espiral inflacionária, acentuadas pelas debilidades estruturais de sua economia. Em abril, Lavrov agradeceu a Cuba por sua "compreensão" na guerra contra a Ucrânia.
Enquanto a ilha tem mantido uma postura neutra, com apelos para uma saída negociada do conflito, também se negou a condenar a ofensiva. Após informações da imprensa, em setembro, sobre traficantes que recrutavam cubanos para participar na guerra contra a Ucrânia ao lado do Exército russo, Cuba deteve 17 pessoas pelo crime de "mercenarismo". Até o momento, a situação do processo judicial dos presos não foi informada.
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