Internacional

André Mendonça, do STF, critica posição do Brasil em relação a Israel e defende equilíbrio à diplomacia do país

Mendonça é evangélico e foi chamado para fazer a pregação deste domingo na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo

Agência O Globo - 18/02/2024
André Mendonça, do STF, critica posição do Brasil em relação a Israel e defende equilíbrio à diplomacia do país

O ministro Andre Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez uma crítica à posição adotada pelo Brasil em relação a Israel durante um culto evangélico na manhã deste domingo. Sem mencionar as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou os ataques na Faixa de Gaza à morte de judeus no Holocausto, o magistrado pregou equilíbrio à diplomacia brasileira. Citou, contudo, o endosso brasileiro à uma denúncia feita pela África do Sul à Corte de Haia na qual o país africano acusa os israelenses de "genocídio".

Mendonça é evangélico e foi chamado para fazer a pregação deste domingo na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo. Durante o culto, ele lembrou que a diplomacia brasileira sempre foi marcada pela busca da imparcialidade.

— Talvez se nós caminharmos mais nesse sentido, em vez de endossarmos uma petição da África do Sul, acusando Israel de genocídio, seria o melhor caminho para nós sermos um agente de paz — afirmou o ministro, citando uma conversa que ele teve na embaixada brasileira quando visitou Israel.

Sem citar diretamente a fala de Lula, que comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza à morte de judeus por Hitler, Mendonça disse também que o cristão não pode lavar as mãos e conclamou a comunidade a tomar posição.

— Eu e você como cristãos somos chamados a tomar posição. Eu não vou entrar em lutas por causas ou por atos que eu não acredito e não aprovo, mas o cristão não pode se omitir em relação a quetões e condutas nas quais estão em jogo princípios e valores essenciais para ele. Não é sair de Marte, mas o cristão também não lava as mãos.

O ministro falou na necessidade de devolução dos sequestrados pelo Hamas para que haja um cessar fogo por parte de Israel. No culto, ele relatou trechos da sua viagem ao país, disse que encontrou uma cidade vazia e jovens portando armas. Considerou ser fácil para quem está fora longe criticar Israel porque "as famílias não têm filhos numa guerra, não perderam filhos e pais".

Definido por Bolsonaro como "terrivelmente evangélico", o ministro iniciou o culto brincando que, devido ao contexto atual, escolheu uma passagem da Biblia, do livro de Lamentações, do profeta Jeremias, que narra o sofrimento do povo diante da destruição da cidade de Jerusalém por causa de uma guerra. No texto, Jereminas destaca a esperança em Deus.

— A esperança para Israel não está em vencer o Hamas, a esperança para Israel está em Deus, o que não significa defender e justificar atos terroristas — disse o ministro.

Procurado para comentar as declarações no culto, ele não retornou aos contatos.