Internacional
Nobel de Literatura, Svetlana Alexievich compara Putin a Hitler e faz alerta sobre 'guerra mundial'
Escritora bielorrussa afirmou que morte de Alexei Navalny 'abriu um abismo de permissividade para ditadores', mas espera que o mundo fique mais atento às ações do Kremlin

A escritora bielorrussa Svetlana Alexievich, vencedora do Nobel de Literatura de 2015, fez duras críticas ao presidente russo, Vladimir Putin, e o comparou ao ditador nazista Adolf Hitler, afirmando que Putin " é capaz de arrastar o mundo para uma guerra mundial". Em entrevista, ela ainda afirmou que a morte do líder oposicionista Alexei Navalny, na sexta-feira, foi um símbolo de como regimes autoritários parecem agir sem qualquer medo de represálias.
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Falando ao site Nasha Niva, Alexievich, de 75 anos, disse que Putin é um "homem cruel", de quem se pode esperar tudo — inclusive a morte daquele que era considerado seu principal algoz político dentro da Rússia. Para ela, o líder russo não teme qualquer tipo de retaliação pela forma como se livra de seus oponentes.
— Os ditadores aprendem uns com os outros. A morte de Navalny abriu um abismo de permissividade para ditadores de todo o mundo, e ainda mais aqui na Bielorrússia. Agora podemos esperar tudo — disse ao Nasha Niva. — As autoridades receberam tal indulgência. Acontece que elas podem fazer qualquer coisa e o mundo ficará indefeso. O país ficará desamparado. As autoridades permanecerão impunes.
Ao mesmo tempo em que existe essa percepção de impunidade, Alexievich, uma crítica da invasão da Ucrânia desde seus primeiros dias, afirma que a morte de Navalny também poderá "abrir os olhos" do mundo para o que vê como abusos do Kremlin: segundo a escritora, as pessoas devem entender "que Putin, como Hitler, é capaz de arrastar o mundo para uma guerra mundial".
— Precisamos ajudar a Ucrânia tanto quanto possível, ou teremos que pagar um preço mais elevado. O novo Hitler com novas tecnologias será pior do que conhecemos na história — afirmou.
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Uma das principais cronistas da memória viva da União Soviética, contada através dos olhos de personagens em livros como "O Fim do Homem Soviético" e "Meninos de Zinco", Alexievich também comentou o encontro entre a mulher de Navalny, Yulia Navalnaya, e Sviatlana Tsikhanouskaya, líder oposicionista cujo marido, o ativista político Siarhei Tsikhanousk, está preso na Bielorrússia. As duas se reuniram em Munique, no dia da morte de Alexei Navalny.
— Estas são fotografias comoventes (do encontro). Pensei que os homens lutassem, mas acima de tudo a guerra mata as mulheres. Imagine a alma de Yulia, uma linda mulher, amiga fiel de Navalny. Ou a alma de Sviatlana Tsikhanouskaya, que há tanto tempo não sabe o que aconteceu com seu marido — disse a autora de "A Guerra Não Tem Rosto de Mulher". — Portanto, as mulheres têm uma guerra mais terrível.
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