Esportes
Site de acompanhantes, Fatal Model chega à Série A com o Vitória superando desconfiança e resistência
Empresa acredita que tem conseguido mudar estigma da profissão no país

Fosse um time de futebol, a Fatal Model teria uma história de ascensão inédita. Em 2022, estampou sua marca na camisa de um clube pela primeira vez. Foi na do Hercílio Luz, participante do Catarinense e sem divisão nacional. Menos de dois anos depois, terminou 2023 como a empresa que mais patrocinou equipes da Série B do Brasileirão (oito, no total). E iniciou 2024 já parceira de um clube da elite: o Vitória. A marca sonha mais alto para a temporada que está apenas no começo.
— Se tivermos oportunidade de estar em mais clubes na Série A, com certeza estaremos — afirma Nina Sag, porta-voz da plataforma que hospeda perfis de acompanhantes a serem contatadas por potenciais clientes. — A gente vai continuar com alguns clubes da Série B. Mas claro que, com o Vitória na Série A, queremos ter mais relações com outros clubes dali.
Trata-se de um salto e tanto para uma empresa que, antes do primeiro patrocínio, recebia recusas dos clubes. Embora precisassem de dinheiro, eles se negavam a ceder espaço para uma marca ligada à prostituição, ainda que a atividade seja oficialmente reconhecida no Brasil e não criminalizada.
No próprio Hercílio Luz, o pioneirismo veio com ressalvas. Mesmo tendo assinado o contrato de publicidade com a Fatal Model, o então presidente do clube, Maurício Dobiez, fugiu do tema alegando que não comentava assuntos financeiros ou de marketing.
Há três semanas, durante a apresentação do meia Luan no Vitória, a realidade já era totalmente diferente. A Fatal Model não só estampou sua marca como foi representada por Nina Sag, que também é anunciante (como são chamados os acompanhantes cadastrados no site) desde 2017 e criadora de conteúdo digital. Além de ela mesma ter falado com a imprensa, o presidente Fábio Mota fez questão de destacar a importância da parceria para o clube.
É a empresa quem tem arcado com as taxas envolvidas na contratação de reforços da equipe para a temporada. Também negocia um contrato de naming rights de R$ 100 milhões para que o estádio do Vitória passe a se chamar Arena Fatal Model Barradão por dez anos.
— Queremos continuar apoiando o Vitória. Posso dizer que crescemos junto com o clube, né? — compara Nina ao GLOBO.
De fato, o retorno com visibilidade tem sido frutífero para a Fatal Model, que também exibe sua marca nos jogos do Carioca e do Gaúcho. Segundo a empresa, o número de acompanhantes (que podem ser mulheres e homens cis, pessoas trans, travestis ou com outras identificações) mais que dobrou. De 16 mil em janeiro de 2023, fechou o ano com 33 mil.
Eles representam uma importante fonte de receita para a empresa (a outra é a publicidade). Os valores vão de R$ 6 por uma hora de anúncio até R$ 429,90 por 30 dias. A promessa é a de que, quanto maior for o investimento, mais visibilidade a pessoa terá, além de recursos como fotos e vídeos.
Aumento de visualizações e mudança de paradigma
O interesse dos potenciais clientes também cresceu. Em janeiro, a plataforma recebeu 981 milhões de visualizações. No mesmo período do ano passado, haviam sido 525 milhões.
De acordo com Nina, este aumento da visibilidade da Fatal Model trouxe consigo uma queda no estigma negativo que paira sobre a atuação das acompanhantes no Brasil. Nas redes sociais, as piadas pejorativas começam a dar lugar a brincadeiras apenas de duplo sentido, sem julgamentos.
A própria relação da Fatal com o Vitória é um exemplo deste avanço. Quando o patrocínio foi anunciado, há cerca de um ano, a rejeição de parte da torcida foi tão forte que o clube precisou se posicionar. No primeiro jogo da parceria, os atletas entraram em campo com uma camisa com os dizeres “respeito, segurança e dignidade”. Pouco menos de um ano depois, a venda dos naming rights do Barradão foi aprovada com 73,4% dos votos pelos sócios.
— Até pouquíssimo tempo atrás, uma figura feminina, acompanhante, não podia estar no meio do futebol falando com jogadores e dirigentes — lembra Nina. —Esse público que nos vê no futebol depois pesquisa, nos procura nas redes sociais, acessa o site. E vê o trabalho que a gente faz de educar, de tratar o assunto com seriedade. Acredito que tem mudado, sim, a visão sobre a profissão.
Mais lidas
-
1NA RUA COHAB NOVA
Mortes em Delmiro Gouveia: Polícia diz que foi homicídio seguido de suicídio
-
2PRISÃO
Polícia Civil prende estelionatário que aplicou golpes em várias construtoras de Alagoas
-
3POSSE COM ÔNIBUS E LANCHE DE GRAÇA DE PALMEIRA PRA MACEIÓ
Júlio Cezar deixa Prefeitura para assumir cargo estadual; ônibus e lanches para levar a plateia: quem pagará a conta?
-
4A POLÍTICA COMO ELA É
Após a posse de Júlio Cezar no Governo do Estado, a pergunta é: quem herdará o comando da Secretaria de Governo de Palmeira dos Índios — e receberá as ordens por WhatsApp?
-
5SEGUNDO JORNAL
Preso em Maceió, Collor ganha sala da diretoria como cela