Internacional
Sem Navalny, saiba quem são alguns dos principais opositores a Putin na Rússia
Máquina de repressão do Kremlin prendeu e forçou ao exílio vozes contrárias ao governo, e acusações de assassinatos e tentativas de assassinato se acumulam
Mesmo longe dos olhares públicos desde 2021, Alexei Navalny, cuja morte foi anunciada nesta sexta-feira, mantinha o status de líder da oposição a Vladimir Putin. Mas outras vozes contrárias ao Kremlin também surgiram nos últimos anos, desafiando a repressão cada vez mais estrita e as ameaças de agressões e tentativas de assassinato.
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Antes da eleição presidencial de março, na qual Putin é favorito absoluto, a jornalista Yekaterina Duntsova, de 40 anos, apresentou uma candidatura baseada na quebra de conceitos que regem o país desde a renúncia de Boris Yeltsin, em 1999. A noção do militarismo exacerbado — que levou soldados para Chechênia, Geórgia, Síria e, mais recentemente, Ucrânia —, a permissividade das autoridades com o abuso do Estado e a guinada conservadora estão, segundo ela, levando a Federação Russa para o "caminho da autodestruição".
O ousado programa de governo defendia, além de um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia (algo que lhe rendeu problemas com as autoridades), o perdão a todos os presos políticos, incluindo Alexei Navalny. Como esperado, a candidatura foi rejeitada em dezembro, com a tradicional alegação de "problemas nos documentos".
Outro oposicionista rejeitado pela Comissão Eleitoral foi Boris Nadejdin. De centro-direita, ele foi deputado na Duma de 2000 a 2003, e manteve uma relação próxima com Boris Nemtsov, um dos principais nomes políticos dos anos 1990 e 2000, e que morreu em circunstâncias até hoje incetrtas em 2015, a poucos metros do Kremlin. Como Alexei Navalny, foi criticado por se aproximado de setores nacionalistas russos nos anos 2010, incluindo supremacistas brancos, mas sempre negou qualquer tipo de afinidade com ideologias extremistas.
A principal bandeira de campanha dele era o fim da guerra na Ucrânia, e sua presença em programas de debates era recorrente — geralmente no papel de "sparring" dos demais debatedores favoráveis à invasão. Apesar de reunir as assinaturas necessárias para oficializar a candidatura, a Comissão Eleitoral disse que algumas das firmas apresentavam irregularidades — ele ainda aguarda a análise de um recurso.
O protagonismo de Navalny dentro da oposição russa fez com que várias das potenciais lideranças de um movimento pró-democracia na Rússia surgissem de suas fileiras, ligados à Fundação Anticorrupção (FBK), hoje considerada uma organização extremista no país. Lyubov Sobol, advogada da FBK, chegou a ser ventilada como uma potencial candidata à Duma, mas foi presa por diversas acusações, incluindo violações das regras da quarentena da Covid-19, inviabilizando planos políticos. Outros nomes, como Leonid Volkov e Maria Pevkich, também da FBK, surgem associados à oposição a Putin, mas, assim como Sobol, sem grande apelo além dos círculos liberais.
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Condenado a uma pena de 25 anos de prisão, Vladimir Kara-Murza era próximo de Boris Nemtsov, e ligado a setores pró-democracia desde os primeiros dias do governo Putin. Além das detenções por acusações incluindo desacato e "desacreditar as Forças Armadas", Kara-Murza foi alvo de ao menos dois envenenamentos, em 2015 e 2017 — segundo investigação do site Bellingcat, a operação foi realizada pelo mesmo grupo que envenenou Alexei Navalny em 2020.
Com 24 anos de acúmulo de poder, a lista de desafetos de Putin se estende além das fronteiras russas, e inclui alguns dos oligarcas deixados para trás ao longo do caminho pelo Kremlin.
O mais conhecido deles é Mikhail Khorodokovsky. Considerado o homem mais rico da Federação Russa no começo do século, o bilionário se aproveitou do caos da transição do comunismo para o capitalismo para construir um império no setor de energia. Mas em 2003, quando estampava capas de revistas de negócios, entrou em choque com o Kremlin, e trocou o glamour da badalada rua Tversakaya, em Moscou, pela realidade dos tribunais. Ele foi condenado por crimes fiscais, mas era considerado por organizações de defesa dos direitos humanos um "prisioneiro de consciência". Libertado em 2013, foi para o exílio no Reino Unido, de onde passou a financiar grupos pró-democracia na Rússia, e com frequência faz declarações contra o governo Putin, especialmente contra a guerra na Ucrânia. Após o anúncio da morte de Navalny, sugeriu no X (antigo Twitter) que os russos escrevam o nome do ativista nas cédulas eleitorais no mês que vem.
Outro oligarca rejeitado pelo Kremlin é Ilya Ponomarev. Ex-deputado, participou de protestos contra o governo Putin nas ruas, em 2012, e votou contra projetos caros ao presidente, como a chamada "lei antigay", que bania conteúdos considerados "impróprios" para crianças. Em 2014, criticou abertamente a anexação da Crimeia, o que lhe rendeu ameaças de morte, e dois anos depois ele partgiu para o exílio na Ucrânia. Recentemente, Ponomarev fez uma nova contribuição à sua longa lista de problemas com o Kremlin: além de defender o Exército ucraniano, passou a ser associado a uma milícia formada por cidadãos russos na Ucrânia que realizam ações contra as forças de Moscou.
Também no exílio, Garry Kasparov, um dos maiores nomes da História do xadrez, é há décadas uma voz de oposição a Vladimir Putin. Ativo politicamente desde os anos 1990, ele participou de tentativas frustradas de criar uma oposição política ao governo no início do século, e chegou a ser preso em manifestações. Fora da Rússia desde 2013, é uma voz recorrente em paineis e entrevistas críticas ao governo, e tem demonstrado apoio a nomes que tentem se levantar contra Putin, incluindo o próprio Navalny.
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