Internacional

'Kevin Maradona': Portugal pede extradição de jovem hacker que pode passar 57 anos preso nos EUA

Diogo Coelho, de 23 anos, era o responsável por operar site RaidForums, que vendia dados vazados de empresas americanas

Agência O Globo - 15/02/2024
'Kevin Maradona': Portugal pede extradição de jovem hacker que pode passar 57 anos preso nos EUA

O Ministério Público português decidiu pedir a extradição do hacker Diogo dos Santos Coelho, de 23 anos, preso desde janeiro de 2022 no Reino Unido, segundo noticiado pelo canal de televisão CNN Portugal nesta terça-feira. Não é o único país quer que o jovem criminoso, conhecido por codinomes como "Kevin Maradona" e "Onipotente", cumpra pena em seu território. Os Estados Unidos, onde Coelho pode ficar preso por 57 anos, também pediu sua extradição.

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A defesa de Diogo Santos Coelho pediu ao Ministério Público português que formalizasse o pedido de extradição. Caberá, no entanto, à Justiça britânica decidir para qual país enviar o hacker, que era um dos principais nomes por trás do site RaidForums, plataforma que colocava à venda bilhões de dados vazados. Não há previsão de quando a extradição deve ocorrer.

— Entre enviá-lo para os Estados Unidos ou para Portugal, uma decisão óbvia é enviá-lo de volta para a sua terra natal, para a sua família — disse, ao canal CNN Portugual, o advogado britânico Ben Cooper, que defende Coelho.

O RaidForums foi derrubado em abril de 2022 na Operação Tourniquet, que reuniu diferentes agências policiais da Europa. O português está preso desde 31 de janeiro na Inglaterra.

A National Crime Agency, do Reino Unido, anunciou também ter prendido em março de 2022 outro jovem de 21 anos, em Croydon, nos arredores de Londres. Ele é um dos suspeitos de administrar o RaidForums junto a Diogo Coelho. Foram apreendidos com ele cerca de 5 mil libras esterlinas em espécie (aproximadamente R$ 30 mil). Meio milhão dólares em ativos de criptomoedas do homem foram bloqueados pelas autoridades inglesas.

De acordo com a Agência da União Europeia para a Cooperação Policial, o fórum existia desde 2015 e tinha cerca de meio milhão de usuários, que poderiam usar os dados obtidos ilegalmente para cometer crimes, como fraude. O site, segundo o Departamento de Justiça, foi desenvolvido por Coelho e outras pessoas, que atuavam como administradoras do RaidForums.

O acervo disponível na plataforma incluía dados obtidos ilegalmente de grandes empresas dos Estados Unidos e do restante do mundo. Números de contas bancárias, informações de milhões de cartões de crédito e inúmeras senhas estavam à disposição dos membros do fórum. Dados vazados do Linkedin e do Facebook também estavam no acervo do RaidForum.

A plataforma funcionava por um esquema de assinaturas. Quanto mais cara, mais acesso era permitido aos que desejavam se aproveitar das informações roubadas. Diogo Coelho oferecia um serviço em que agia como intermediário entre compradores e vendedores de dados, transações muitas vezes feitas por meio de criptomoedas.

"Onipotente", "Kevin Maradona", "Downloading" e "Shiza" eram alguns dos nomes usados pelo português na plataforma.