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Após ameaças de Trump, Otan anuncia recorde de gastos militares em 2024

Agência O Globo - 14/02/2024
Após ameaças de Trump, Otan anuncia recorde de gastos militares em 2024
Trump - Foto: Reprodução

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, anunciou nesta quarta-feira (14) um forte aumento dos gastos militares dos integrantes do grupo, após ameaças de Donald Trump aos países com atrasos em suas contribuições.

— Este ano, espero que 18 aliados gastem 2% do PIB em defesa. Se trata de outra cifra recorde e seis vezes maior que em 2014, quando somente três aliados cumpriram com o objetivo — disse.

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O anúncio de Stoltenberg sobre o número de países da Otan que alcançaram a meta de gastos militares é uma resposta à ameaça de Donald Trump de não defender os países em atraso em caso de sua reeleição para presidente.

No último fim de semana, durante um evento de campanha, o ex-presidente americano, outra vez candidato à Casa Branca, também sugeriu que incentivará a Rússia a — fazer o que quiser com eles —.

De acordo com Stoltenberg, — estamos em busca de progressos reais —, porque os países do grupo — estão gastando mais. No entanto, alguns países ainda têm um caminho para percorrer —.

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A lista dos 18 países que cumpririam este ano com a meta de gastos militares foi divulgada. Em 2023, eram 11 países que alcançaram o objetivo.

Em 2023, os países da Otan decidiram converter os 2% em um piso mínimo, e não em um objetivo máximo.

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As declarações de Trump geraram uma verdadeira comoção global, e importantes líderes criticaram publicamente sua postura.

O chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, disse que questionar um pilar fundamental da Otan, como o princípio de defesa mútua, é — irresponsável e perigoso —.

Durante seu mandato como presidente, Trump criticou abertamente os aliados da Otan por resistirem a aumentar o gasto em matéria de defesa. No cenário da guerra na Ucrânia, vários países do bloco aumentaram seus investimentos militares, mas os Estados Unidos ainda representam a maior parte do gasto de defesa.

Ucrânia na Agenda

Mas além de ameaças aos países em débito, o que mais preocupou os aliados é a sugestão de que, na Casa Branca, Trump permitiria que a Rússia fizesse — o que quisesse — com os países devedores.

Em uma mensagem estranhamente dura no X, Stoltenberg afirmou que a insinuação de que os países da Otan não se defenderiam entre si — afeta a segurança — de todos, incluindo a dos Estados Unidos.

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A controversa evidencia a dependência da Otan aos investimentos militares estadunidenses, e sugere uma discussão sobre se os países europeus (29 dos 31 integrantes da aliança militar) possuem outra alternativa.

A França, única potência nuclear que resta na União Europeia, defende há anos que a Europa precisa de outra “apólice de seguro”, além da Otan, para garantir a segurança do continente.

Stoltenberg conduzirá na quinta-feira (15) uma reunião de ministros de Defesa dos países da Otan. Formalmente, a agenda da reunião ministerial está centrada na continuidade e na modalidade de apoio à Ucrânia.

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A embaixadora dos Estados Unidos na Otan, Julianne Smith, sinalizou na terça-feira que a Europa ultrapassou seu país no apoio à Ucrânia.

Na visão de Stoltenberg, as forças ucranianas demonstraram capacidade de ação com recentes êxitos no Mar Negro, onde Kiev assegura que “destruiu” uma embarcação de guerra russa no sul da península da Crimeia.

As forças da Ucrânia — conseguiram aplicar pesadas perdas à frota russa do Mar Negro —, disse Stoltenberg, para acrescentar que se trata de — uma grande conquista, uma grande vitória para os ucranianos —.