Internacional

Rússia tem até 4 vezes mais artilharia do que Ucrânia, diz Inteligência estoniana

Relatório ainda afirma que lacuna deverá ser ampliada, já que a ajuda enviada a Kiev tem sido barrada por lutas políticas nos Estados Unidos

Agência O Globo - 13/02/2024
Rússia tem até 4 vezes mais artilharia do que Ucrânia, diz Inteligência estoniana

A Rússia deverá aproveitar sua vantagem no estoque de munições este ano — e poderá ocupar mais território ucraniano caso Kiev não receba ajuda financeira, anunciou o relatório anual do Serviço de Inteligência Estrangeira da Estônia. Segundo o órgão, após aumentar a produção de munição no ano passado, saltando de 600 mil unidades em 2022 para até 4 milhões, Moscou passou a ter cerca de três a quatro vezes mais artilharia do que as forças da Ucrânia.

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Ainda de acordo com o relatório, essa lacuna deverá ser ampliada, já que é “quase certo” que as entregas ocidentais não acompanharão a produção russa. Enquanto a ajuda enviada à Ucrânia é barrada por lutas políticas, especialmente nos Estados Unidos, onde cerca de US$ 60 bilhões em assistência estão parados no Congresso, o objetivo final de Moscou é pressionar por uma melhor posição de negociação.

Depois do fracasso dos planos do presidente russo, Vladimir Putin, de um ataque “relâmpago” em 2022, ele agora está contando com o desgaste para obter a vantagem. “Se a ajuda ocidental diminuir significativamente nos próximos anos, a Rússia será mais propensa a ocupar gradualmente grandes territórios ucranianos com uma força massiva e não qualificada, impondo termos de paz desfavoráveis à Ucrânia”, disse a agência.

Nesta segunda-feira, o chanceler alemão Olaf Scholz destacou que é preciso manter o envio de munição e outros materiais para a Ucrânia, e instou as nações europeias a fazerem mais para apoiar o governo em Kiev. Na cerimônia de inauguração de uma instalação de munições da Rheinmetall AG na Alemanha, ele afirmou saber que “milhares de projéteis de artilharia estão sendo disparados na linha de frente no leste e sul da Ucrânia todos os dias”.

Embora as sanções dos EUA e da União Europeia contra Moscou tenham sido eficazes, especialmente ao forçar o isolamento de Moscou dos mercados financeiros globais, a economia russa ainda experimenta um boom impulsionado pela guerra. Na Rússia, o domínio do Kremlin poderia estar vulnerável a tensões decorrentes de futuras dificuldades econômicas e de um novo recrutamento militar. No entanto, em 2023 o país superou o problema do recrutamento, alistando cerca de 300 mil novas tropas de forma voluntária graças aos salários crescentes.

Tremendo que a Rússia possa ter planos de trazer os países Bálticos de volta sob seu domínio, a agência de Inteligência estoniana disse que “a probabilidade de um ataque militar contra a Estônia permanece baixa no próximo ano”. O relatório advertiu, porém, que a Rússia poderia dobrar as forças terrestres e aéreas perto da fronteira com o país nos próximos anos. O documento pontuou que “o Kremlin provavelmente está antecipando um possível conflito com a Otan na próxima década”.

A Estônia se tornou um alvo particular para o Kremlin. A Rússia colocou a primeira-ministra Kaja Kallas em sua lista criminal de procurados, relatou a agência de notícias estatal Tass, citando o banco de dados do Ministério do Interior.