Internacional

Hamas responde à proposta de novo cessar-fogo, mas Israel chama condições de 'inaceitáveis'

Esboço foi desenvolvido durante reunião em Paris nas últimas semanas; Catar afirmou estar 'otimista' e disse que as negociações seguirão

Agência O Globo - 06/02/2024
Hamas responde à proposta de novo cessar-fogo, mas Israel chama condições de 'inaceitáveis'

O movimento islâmico palestino Hamas afirmou, nesta terça-feira, ter entregue sua resposta sobrea proposta de uma nova trégua temporária com Israel e a libertação dos reféns ainda remanescentes em Gaza — o que foi confirmado pelo Catar. A resposta seria "positiva" e foi enviada a Israel, que está analisando os detalhes. Contudo, autoridades do país, citadas pelo jornal Haaretz, afirmam que na verdade o retorno é negativo, já que as condições impostas pelo grupo são inaceitáveis para o Estado judeu.

“Há pouco tempo, o movimento Hamas entregou a sua resposta ao esboço do acordo aos irmãos no Catar e no Egito”, afirmou o grupo em um comunicado. O movimento afirmou que lidou com a proposta "positivamente", mas reforçou exigências anteriores, como um cessar-fogo permanente e a libertação dos prisioneiros palestinos, o que já foi rebatido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O Hamas não disse objetivamente qual era a resposta, embora sua televisão, al-Aqsa, tenha relatado a oferta para alterações na proposta relacionadas com as questões do cessar-fogo, da reconstrução, da suspensão do bloqueio, do deslocamento dos feridos, do regresso das pessoas deslocadas para suas casas.

Segundo o gabinete de Netanyahu, a resposta foi entregue por Doha ao Mossad, afirmando que os detalhes "estão sendo minuciosamente avaliados pelos responsáveis ​​envolvidos nas negociações".

Apesar disso, um alto funcionário de Israel afirmou que, na verdade, a resposta do grupo palestino é negativa, já que as condições apresentadas não são aceitáveis para o país, de acordo com o Haaretz. Outra fonte teria dito que "ambos os lados deixaram claro que atualmente é impossível superar a principal disputa que impede o acordo – a exigência de acabar com a guerra".

Catar 'otimista'

O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, confirmou o recebimento do retorno do grupo. O xeque afirmou que o Hamas fez alguns comentários, mas que no geral a resposta era "positiva". Ainda segundo o premier, ele estava "otimista". Não foram dados detalhes devido às "delicadas circunstâncias", e as negociações continuarão.

A declaração foi feita ao lado do secretário de Estado americano, que está em sua quinta viagem ao Oriente Médio desde o início do conflito entre Israel e Hamas. Blinken pontuou que "ainda há muito trabalho a fazer".

— Mas continuamos pensando que um acordo é possível, e inclusive essencial, e vamos continuar trabalhando sem descanso para alcançá-lo. — garantiu.

O Hamas ponderou durante mais de uma semana sobre a proposta elaborada na sua ausência durante as conversações em Paris, que reuniu autoridades cataris, egípcias, isralenses e americanas. Segundo o xeque, citado pela rede de notícias catari al-Jazeera, a demora também poderia ser explicada pelo conflito travado em Gaza, que acaba afetando as comunicações.

O Hamas e outros grupos terroristas aliados, como a Jihad Islâmica, sequestraram 250 pessoas durante o ataque de 7 de outubro do ano passado, segundo o balanço de autoridades de Israel. Desse total, estima-se que 132 ainda estejam em cativeiros do movimento palestino que governa a Faixa de Gaza e de outros extremistas.

Em novembro, no último acordo entre as partes, mediado pelos EUA, Egito e Catar, 110 cativos foram libertados em troca de 240 palestinos detidos em prisões israelenses.

Apesar de não ter entrado muito em detalhes, al-Thani confirmou nos últimos dias que a trégua seria escalonada. Um acordo discutido em Paris aborda uma possível primeira trégua de 30 dias que permitiria a libertação de mulheres e dos reféns mais idosos e feridos, informou o New York Times.

Durante o período, as duas partes negociariam uma segunda fase, que também teria duração de 30 dias e permitiria a libertação dos homens e dos soldados. Ainda de acordo com o jornal, o acordo também incluiria a libertação de palestinos detidos em penitenciárias de Israel. (Com AFP e New York Times)