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Chile confirma 131 mortes em incêndios florestais e aponta dificuldade de resgate em áreas afetadas

Autoridades admitem que contagem dos mortos vai aumentar e prepara força-tarefa para identificar mortos por exame de DNA

Agência O Globo - 06/02/2024
Chile confirma 131 mortes em incêndios florestais e aponta dificuldade de resgate em áreas afetadas
Chile confirma 131 mortes em incêndios florestais e aponta dificuldade de resgate em áreas afetadas - Foto: Reprodução

Autoridades do Chile anunciaram, nesta terça-feira, que o número de mortos nos incêndios florestais que devastaram a região de Valparaíso chegou a 131. A contagem, afirmam as autoridades, ainda é parcial e deve aumentar, uma vez que os estragos provocados pelo pior incêndio da história recente do país dificultam as buscas, o número de desaparecidos é elevado e a identificação dos corpos avança a passos lentos.

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De acordo com um comunicado do Serviço Médico Legal do Chile, foram realizadas autópsias em 82 corpos até o momento, mas apenas 35 puderam ser identificados. A diretora do órgão, Marisol Prado, disse que vai começar um processo de coleta de amostras de material genético de pessoas que relataram o desaparecimento de familiares para tentar a identificação dos restos mortais por DNA. Neste momento, especificou Marisol, o processo está sendo feito a partir de testes biométricos e de impressões digitais.

No topo dos morros urbanizados, as áreas mais afetadas têm recebido voluntários e brigadas de socorro para limpar escombros e retirar veículos carbonizados em estradas estreitas, enquanto o trabalho continua para encontrar os corpos em locais devastados pelas chamas. Em Viña del Mar, a prefeita Macarena Ripamonti, afirmou, no domingo, que havia 190 desaparecidos.

Além dos pedidos de ajuda para procurar vítimas, multiplicam-se também pedidos para conseguir um teto entre cerca de 20 mil pessoas que ficaram desabrigadas em Viña del Mar, segundo a prefeita.

Cinco dias após o início dos incêndios, nove focos permanecem ativos na região, segundo uma fonte da Delegação Presidencial em Valparaíso, um ente estatal. Nenhum destes, no entanto, ameaça áreas urbanas. Os bombeiros estimam que todos os focos de incêndio devem ser extintos dentro de uma semana.

Apesar disso, o fogo continua a se alastrar em outras partes do país. Segundo o último relatório do Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres (Senapred), há 165 focos de incêndio em 10 regiões do centro e sul do país.

O presidente chileno, Gabriel Boric, classificou a série de incêndios como “a maior tragédia” que o país sul-americano sofreu desde o terremoto de 2010, quando um abalo sísmico de magnitude 8,8, seguido de um tsunami, deixou mais de 500 mortos em 27 de fevereiro daquele ano.

Solidariedade global

O Papa Francisco, o secretário-geral da ONU, António Guterres, a União Europeia, a França, a Espanha e o México, que envia dois aviões com mantimentos para os afetados no Chile, manifestaram solidariedade ou ofereceram ajuda ao país sul-americano.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que seu governo está em contato com as autoridades chilenas para enfrentar “este momento difícil” e “está pronto para prestar a ajuda necessária ao povo chileno”.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou que o país está preparado “mais uma vez para ajudar os nossos colegas sul-americanos”.