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DEET, icardina ou IR3535: como escolher o melhor repelente de pele para afastar o Aedes aegypti

Todos os produtos autorizados para venda no país são eficientes, mas duração do efeito varia

Agência O Globo - 04/02/2024
DEET, icardina ou IR3535: como escolher o melhor repelente de pele para afastar o Aedes aegypti
Dengue

Na atual alta de casos de dengue, as medidas de prevenção da proliferação do mosquito são as mais indicadas pelas autoridades sanitárias. Mas nem sempre é possível evitar as nuvens de Aedes aegypti em casa. Entre as medidas de combate caseiras, a mais recomendada por especialista é o spray repelente para aplicar na pele. Entre eles, qual seria o mais eficiente?

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Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem as substâncias ativas sintéticas registradas como eficazes no combate ao mosquito são: DEET (N-dimetil-meta-toluamida ou N,N-dietil-3-metilbenzamida), icaridina (Hydroxyethyl isobutyl piperidine carboxylate ou Picaridin) e IR3535 (Ethyl butylacetylaminopropionate ou EBAAP). Existem ainda produtos registrados contendo como substância ativa o extrato vegetal ou o óleo de citronela.

— Dentre os industriais, existem dois que têm eficácia comprovada, que são os base de DEET e de icaridina — explica Luciana Costa, professora associada e diretora do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes -UFRJ

Estudo realizado por pesquisadores da Unesp Botucatu concluiu que os repelentes que contém icaridina na concentração de 25% são aos mais eficazes. Diversas marcas comercializam produtos com essa especificação, basta ler o rótulo.

— Não significa que os outros não funcionem, mas funcionam por menos tempo e com menor efetividade — diz Barbosa.

Por exemplo, a maioria dos repelentes à base de DEET tem cerca de quatro horas de efeito. Já os de icaridina 25% protegem por um período de 10 a 12 horas, a depender da marca. Mas também existem produtos à base de DEET com até 10 horas de proteção. Isso varia de acordo com a concentração do composto ativo.

— Quanto maior a concentração do composto ativo, maior a proteção — afirma Costa.

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Essas informações estão presentes no rótulo do produto. Independentemente da escolha, para que o repelente funcione, é preciso estar atento às indicações de utilização, também disponíveis no rótulo, reaplicando após o fim do período de efeito ou após suar.

— Os repelentes individuais tem que ser passados com muita frequência e é importante checar no rótulo se há proteção contra o Aedes — orienta Mauro Teixeira, professor titular do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Outro ponto importante para ser verificado no rótulo é se o produto está aprovado pela Anvisa.

"Para os cosméticos, ou os repelentes de pele, o número do registro do produto, normalmente, aparece no rótulo como Reg. MS – X.XXXX.XXXX. O registro de cosméticos começa com o algarismo 2 e possui nove dígitos", informa a agência.

Uso pediátrico

No que diz respeito ao uso de repelentes em crianças, é preciso estar atento, pois nem todas as composições são de uso pediátrico. Por exemplo, produtos à base IR3535 podem ser usados para crianças acima de 6 meses. Já aqueles com DEET, icaridina e óleo de citronela, são indicados para crianças acima de 2 anos, a depender da concentração. Produtos com DEET, por exemplo, só podem ser utilizados em crianças a partir dos 2 anos de idade, na concentração de até 10% do ativo. Por isso, orienta-se sempre ler o rótulo para saber se determinado produto é aprovado para crianças.

Repelentes caseiros

As redes sociais estão inundadas de receitas naturais milagrosas para tudo, incluindo para proteger contra a dengue. A bióloga Denise Valle, especialista em Aedes aegypti, e pesquisadora do Laboratório de Medicina Experimental e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) alerta para a ineficácia desses produtos.

— Para o repelente ser eficiente, ele tem que atender três condições: o princípio ativo tem que ser eficaz, tem que ter uma persistência no corpo e que estar num veículo que não vai agredir a sua pele. Muitos dos repelentes caseiros podem até ter algum princípio ativo que funciona, mas não há comprovação ou garantia de que ele não vai agredir a pele nem da duração do efeito.