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Ave que viralizou por acreditar ser parceira de um humano morre aos 42 anos nos EUA

Animal, considerado um dos mais raros do mundo, manteve 'relacionamento' com cuidador por quase 20 anos e chegou a ser inseminado artificialmente com ajuda dele

Agência O Globo - 03/02/2024
Ave que viralizou por acreditar ser parceira de um humano morre aos 42 anos nos EUA

Walnut, uma grou coroada-de-branco (ave que está entre as mais raras do mundo, e que é ameaçada de extinção) morreu aos 42 anos nos EUA. A ave virou um fenômeno nas redes sociais após ter sido divulgado que ela se apaixonou por um humano: o cuidador de animais Chris Crowe, com quem manteve um “relacionamento” por quase 20 anos.

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A história de Walnut e Chris remonta à chegada dela no Zoológico Nacional e Instituto de Biologia da Conservação do Smithsonian, em 2004. Filha de um casal de grou-coroado-de-branco selvagem levado ilegalmente para os EUA, ela foi resgatada por uma equipe da Fundação Internacional do Grou. Lá, ela foi criada por humanos e passou a desenvolver um vínculo especial com os cuidadores.

Essa preferência continuou quando com os anos, e ela não mostrava interesse em acasalar. Pelo contrário: chegava até a atacar os pretendentes machos. Sua espécie, porém, é considerada vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza, e hoje restam menos de 5,3 mil animais semelhantes em seus habitats nativos na Mongólia, Sibéria, Coreia, Japão e China.

Convencer Walnut a se reproduzir, portanto, era considerado uma prioridade. Foi quando Crowe entrou em cena e ganhou a confiança da ave ao “observar e imitar” as ações dos machos da espécie durante seu período de reprodução. Vídeos mostram que ele oferecia comida a Walnut, assim como grama e folhas para a construção do ninho.

Em outro momento, quando ele bate as asas na frente dela, a ave responde animadamente dançando num meio-círculo e com a cabeça balançando. Depois de conquistar a confiança dela, Crowe conseguiu inseminá-la artificialmente usando esperma de uma ave da mesma espécie. O arranjo foi um sucesso, e Walnut teve oito filhos.

Os ovos fertilizados foram dados a outros casais da espécie, que cuidaram deles como se fossem seus. Dos oito exemplos vivos no instituto, um é filho de Walnut e outro é seu neto. Além disso, a relação dela com o cuidador parece ter sido benéfica para sua saúde: aos 42 anos, ela quase triplicou a expectativa de vida média para grous coroadas-de-branco em cativeiro, que costuma ser de 15 anos.

“Walnut era única e tinha uma personalidade vivaz”, disse Crowe em comunicado divulgado pelo Zoológico Nacional. “Eu sempre serei grato pelo vínculo que tivemos. Ela sempre foi confiante em se expressar; era uma dançarina ávida e excelente. A extraordinária história de Walnut ajudou a chamar atenção para a situação vulnerável de sua espécie”.

A partir da manhã de 2 de janeiro, os tratadores perceberam que Walnut não estava se alimentando ou bebendo. Nem mesmo ofertas de seus petiscos favoritos conseguiram estimular seu apetite. Veterinários administraram fluidos e antibióticos, e colheram sangue para análise. Sua saúde, porém, continuou a piorar e ela foi hospitalizada.

De acordo com a equipe do instituto, ela morreu pacificamente, cercada de cuidadores. Uma autópsia revelou que a causa da morte foi insuficiência renal.

“Espero que todos que foram tocados por sua história compreendam que a sobrevivência de sua espécie depende de nossa capacidade e desejo de proteger os habitats”, escreveu Crowe.