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Autor de ataque a igreja que planejava show de drag queen é condenado a 18 anos, nos EUA

Criminoso dizia fazer parte do grupo ‘White Lives Matter’ — ‘Vidas Brancas Importam’, em português —, com viés ideológico racista, pró-nazista e homofóbico, segundo autoridades americanas

Agência O Globo - 30/01/2024
Autor de ataque a igreja que planejava show de drag queen é condenado a 18 anos, nos EUA
Autor de ataque a igreja que planejava show de drag queen é condenado a 18 anos, nos EUA - Foto: Reprodução

Aimenn Penny, de 20 anos, foi sentenciado no estado de Ohio a 18 anos de prisão por tentar incendiar uma igreja que planejava sediar shows drag, informou o Departamento da Justiça dos Estados Unidos nesta terça-feira. Ele se declarou culpado em outubro por tentar atear fogo na Igreja Comunitária de Chesterland, Ohio. A sentença é de 216 meses de prisão e três anos de liberdade com direito a sursis porque “cometeu crimes motivados pelo ódio”.

O membro do grupo neonazista “White Lives Matter” usou coquetéis molotov para atacar a igreja na tentativa de impedir uma apresentação de drag queens que aconteceria no local, no fim de março de 2023.

O caso foi divulgado pelo Departamento de Justiça de Ohio. Segundo as autoridades, Penny confessou ter usado vodca, garrafas de cerveja e gasolina para a tentativa de incêndio. Antes do ataque, membros da igreja disseram ter recebido cartas com discurso de ódio e mensagens com ameaças.

Em depoimento ao FBI, o neonazista confessou ter sido o responsável pelo ataque na igreja de Chesterfield, e disse que tentou “proteger as crianças e impedir o show de drag”.

“Penny afirmou naquela noite que ficou mais irritado após assistir a vídeos de shows de drags na França, e decidiu atacar a igreja”, escreveu uma autoridade no documento de acusação. “[Ele] afirmou que teria se sentido melhor se os coquetéis molotov fossem mais eficazes e queimassem toda a igreja”.

Dias antes do episódio, em 25 de março, os líderes da Igreja encontraram marcas de fogo em uma placa externa e na porta da frente, além de uma placa quebrada na propriedade. Os investigadores dizem que conseguiram localizar geograficamente o telefone de Penny na propriedade da igreja em 25 de março, no início da manhã. Segundo os promotores do caso, essa não é a primeira vez que Aimenn Penny persegue apresentações de drag queens.

Histórico de ataques

Em 11 de março, ele apareceu no local de um evento uma hora antes, “para distribuir panfletos de propaganda representando o ‘White Lives Matter’ e as opiniões anti-drag queen de Ohio”. A denúncia diz, ainda, que ele usava um “equipamento de estilo militar, incluindo calças de camuflagem, um colete tático e uma jaqueta com um patch mostrando uma arma de fogo”.

No mesmo evento, outros membros do grupo apareceram carregando bandeiras com suásticas. Eles usavam palavras de ordem com teor racista e homofóbico, além de saudações ao ditador Adolf Hitler.

Em outubro do ano passado, segundo o inquérito, Penny chegou a dizer a policiais locais que os negros americanos eram “o problema” e que ele esperava “uma guerra civil entre as raças”.