A PUC-SP abriu inscrições para a pós-graduação em redes digitais, política e cultura. Mais do que especializar profissionais de comunicação em novas mídias, o curso discutirá todo o cenário que envolve o ambiente virtual, como meio para interação e uso políticos, e suas consequências, e como ferramenta para disseminação de expressões culturais e engajamento social.

O curso é oportuno também para pesquisadores, educadores e participantes do terceiro setor, como ONGs, compreenderem o raio de alcance das mídias sociais e as implicações de sua utilização. Em tempos de eleições municipais, a pós-graduação permitirá também que se perceba o uso político-eleitoral das redes e estratégias de discurso adotadas na arena virtual em busca de votos de eleitores.

A pós abordará processos políticos e dinâmicas de poder na era digital, disputas por discursos e suas características, a produção e a subjetividade embutida no conteúdo. Também serão discutidos aspectos da sociedade informacional, processos informativos e desinformativos no ambiente virtual, transformações culturais, resistências no fluxo de informação entre as redes e as ruas, e metodologias de pesquisa para análises sociopolíticas e antropológicas.

Pensamento crítico

O curso será coordenado por Rosemary Segurado, doutora em ciências sociais, e Marcus Vinicius Fainer Bastos, doutor em comunicação e semiótica.

"O curso tem uma característica fundamental de pensar as redes digitais neste contexto contemporâneo para disseminação de conteúdo político e sociocultural. A nossa preocupação é para que esses conteúdos sejam críticos, reflexivos e contribuam para o debate sobre a questão informacional da atualidade, e pensemos na nossa responsabilidade como cidadãos, produtores e receptores de informação", explica Rosemary.

"Vamos falar também de cultura e arte, oferecendo um repertório de conhecimento no campo das comunicações e das artes, com um contexto importante para entendermos as redes contemporâneas", completa Marcus Vinicius.

A proximidade das eleições municipais é outro elemento que realça ainda mais a importância da especialização. No ano passado, a disputa pela presidência na Argentina elevou o uso das redes digitais a um novo e perigoso patamar. Lá, as campanhas produziram vídeos valendo-se de deepfake, técnica para edições praticamente perfeitas sobrepondo falas falsas a vídeos de pessoas reais para deturpar fatos e disseminar mentiras como se fossem verdades.

O então ministro da Economia, Sérgio Massa, candidato derrotado, foi visto usando cocaína. E o agora presidente Javier Milei apareceu elogiando Margareth Thatcher — a primeira-ministra que liderou o Reino Unido na Guerra das Malvinas, na maior humilhação imposta à Argentina, em 1982, resultando na morte de 649 argentinos e na manutenção britânica das ilhas Falkland. Era tudo mentira.

"Precisamos pensar as redes sociais criticamente para que a usemos com responsabilidade, principalmente agora, com a inteligência artificial ainda não regulamentada no Brasil", diz Rosemary Segurado. "Queremos preparar profissionais éticos e altamente gabaritados para a sociedade. Não basta saber usar as redes digitais. Já vimos como o país foi prejudicado por mentiras e versões deturpadas dos fatos a partir do mundo virtual e como isso foi ainda mais grave na Argentina".

O curso terá 360 horas ao valor de R$ 19.566 e será online. Ex-alunos de graduação da PUC-SP, que tenham se formado há até dois anos, terão desconto de 25% se se inscreverem até quarta-feira (31). Os demais ganharão abatimento de 20% até essa data. Mais informações no site da universidade ou pelo e-mail [email protected].