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Em novo julgamento por difamação, Trump nega culpa e faz críticas a processo: 'Isso não são os EUA'

Ex-presidente e candidato a mais um mandato falou por menos de cinco minutos em tribunal de Nova York, em caso relacionado a críticas feitas a uma mulher que o acusa de abuso sexual

Agência O Globo - 25/01/2024
Em novo julgamento por difamação, Trump nega culpa e faz críticas a processo: 'Isso não são os EUA'
Trump - Foto: Arquivo

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, prestou depoimento durante um julgamento em que ele é acusado de difamar uma mulher que o acusou de abuso sexual, cometido há cerca de três décadas. O processo julgado nesta quinta-feira é o segundo relacionado ao caso — no ano passado, Trump já foi considerado culpado de ter abuso sexual, e condenado a pagar US$ 5 milhões de indenização, incluindo por difamação.

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Sem câmeras, Trump foi chamado ao púlpito por sua advogada, Alina Habba, e a interação foi breve, de menos de cinco minutos. Em uma das questões, Habba perguntou sobre as acusações de abuso sexual, apresentadas pela vítimas, a ex-colunista E. Jean Carroll, em 2019, e se ele as considerava falsas.

— Sim, eu considerava. Ela disse algo que eu considerei uma acusação falsa — declarou Trump. Em seguida, o juiz do caso, Lewis Kaplan, ordenou que apenas a frase "sim, eu considerava" fosse levada em conta pelos jurados.

Em 2019, Carroll publicou, em um livro de memórias, a acusação de que Trump a havia estuprado em uma loja de luxo de Nova York, em algum momento entre 1995 e 1996. Na ocasião, Trump chamou a Carroll de "doente mental", e incitou seus apoiadores contra ela. Em maio do ano passado, em um outro caso civil, um júri considerou o ex-presidente culpado por abuso sexual, e ainda o condenou por comentários difamatórios feitos à vítima.

Em setembro do ano passado, um juiz validou um segundo processo de difamação — é esse caso que está sendo julgado agora, e que determinará de quanto será a nova indenização. A defesa de Carroll pede US$ 10 milhões.

Nesta quinta, ao ser questionado se seus comentários relacionados a E. Jean Carroll, foram feitos com a intenção de lhe causar dano, a resposta foi breve.

— Não, eu apenas queria me defender, defender minha família, francamente, a Presidência — disse o ex-presidente. Novamente, apenas o "não" foi levado em consideração pelos jurados, de acordo com a determinação do juiz Kaplan. Logo depois do depoimento, a sessão foi suspensa. Uma decisão deve ser emitida na sexta-feira.

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Na saída, Trump acenou a apoiadores, e usou o momento para mostrar seu descontentamento com o processo

— Isso não são os EUA. Não são os EUA. Isso não são os EUA — afirmou.

O processo civil em Nova York é apenas uma pequena parte dos muitos problemas que o provável candidato republicano à Presidência enfrenta na Justiça. Ao todo, ele tem 91 acusações federais e estaduais em quatro processos contra si, incluindo conspiração para obstrução de justiça, para falsificação de documentos e para obstrução de um procedimento legal. Quase todas as acusações estão ligadas à tentativa frustrada de reverter a derrota para Joe Biden nas eleições de 2020, além do discurso negacionista que alimentou teorias da conspiração e levou à invasão do Capitólio, em 2021.

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Trump tem usado os processos para criar uma narrativa de que está sendo perseguido pelo "Estado profundo", e que tudo não passa uma tentativa de impedir a vitória que, como vem alegando em discursos, será certa contra Joe Biden. Sua principal estratégia de defesa é uma tese de que ele teria imunidade presidencial total, ou seja, não pode ser processado por atos ocorridos enquanto ele ocupava a Casa Branca.

Em dezembro, ele sofreu uma derrota, depois que um tribunal de Washington invalidou o argumento, em um caso relacionado às acusações civis ligadas ao ataque ao Capitólio. Os advogados dele aguardam uma decisão de uma corte de apelações, mas o caso deve parar na Suprema Corte, que rejeitou um pedido do Departamento de Justiça para analisar a questão de forma antecipada.

Em outra frente, o ex-presidente tenta reverter uma decisão da Justiça do Colorado, que o considerou inelegível no estado por se envolver em "participação aberta, voluntária e direta" em uma insurreição, o que viola a 14ª Emenda à Constituição dos EUA. Uma decisão similar foi adotada no Maine, mas temporariamente suspensa até a palavra final da Suprema Corte, que não tem data para acontecer. (Com New York Times)