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Agricultora morre após ser atropelada durante protesto na França

Carro teria furado bloqueio imposto na estrada pelos manifestantes, que reclamam da deterioração das condições no setor agrícola; marido e filha ficaram gravemente feridos

Agência O Globo - 23/01/2024
Agricultora morre após ser atropelada durante protesto na França

Uma mulher de 35 anos foi morta após um carro furar um bloqueio montado por agricultores, no departamento Ariège, no sudoeste da França, nesta terça-feira. O marido da vítima, de 40 anos, e a sua filha, de 14, ficaram gravemente feridos. Esses trabalhadores têm bloqueado estradas em todo o país em protesto contra o que eles dizem ser a deterioração das condições no setor agrícola. Os três passageiros, um casal e um amigo, foram levados sob custódia por suspeita de homicídio involuntário, informou a polícia.

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O prefeito de Ariège, Simon Bertoux, disse aos repórteres que o veículo estava trafegando na pista de mão dupla que levava ao bloqueio da estrada, mesmo que a pista apresentasse sinalização clara de que estava fechada. Mas, um promotor local, Olivier Mouysset, afirmou que os primeiros resultados da investigação sugerem que o carro não havia batido na barreira intencionalmente. Mouysset explicou que, no escuro, o carro bateu em uma parede feita de palha no bloqueio da estrada, atingindo as três pessoas e só parou quando colidiu com um reboque agrícola de um trator.

Várias rodovias do país foram bloqueadas por tratores nesta terça-feira. Os agricultores que protestavam nos bloqueios de estradas fizeram minutos de silêncio em homenagem à mulher morta no acidente.

'Alta velocidade'

Uma fonte da polícia acrescentou à AFP que o carro estava viajando "em alta velocidade" quando se chocou contra a barreira. Um teste mostrou que o motorista, um homem de 44 anos, não estava sob a influência de álcool ou drogas.

Todos os três ocupantes do carro são de nacionalidade armênia, disse o prefeito de Ariège. A região, a mais ampla do sudoeste da Occitânia, tem sido um ponto de concentração dos protestos dos agricultores, nos últimos dias.

Representantes de sindicatos agrícolas se reuniram na segunda-feira com o primeiro-ministro Gabriel Attal para discutir suas queixas, que incluem os baixos preços dos alimentos, aumento dos impostos para os agricultores, preços mais altos dos combustíveis e regras de proteção ambiental que eles dizem ser inaceitáveis. A vítima era membro do poderoso sindicato de agricultores, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores (FNSEA, na sigla em inglês), que tem liderado manifestações em todo o país.

As tensões estão em alta, com o FNSEA anunciando protestos durante toda esta semana e além dela, caso o governo não atenda às suas exigências.

— Nas atuais circunstâncias que a agricultura está enfrentando, esse tipo de tragédia é difícil de suportar — disse o presidente da FNSEA, Arnaud Rousseau, que foi o primeiro a relatar o incidente.

'A luta continua'

Em sua reunião com os representantes agrícolas na noite de segunda-feira, Attal não fez nenhum anúncio imediato, mas prometeu que várias medidas seriam reveladas até o final da semana, de acordo com o ministro da Agricultura francês, Marc Fesneau.

"A nação está arrasada", com o acidente, disse Attal nesta terça-feira, em uma publicação no X (antigo Twitter).

O presidente Emmanuel Macron disse que pediu a seu governo "que oferecesse soluções concretas" para os problemas dos agricultores.

"Meus pensamentos vão para as vítimas e seus entes queridos que estão de luto", disse o líder francês, também no X, chamando o acidente desta terça de "um drama que devastou a todos nós".

Rousseau, da FNSEA, disse que a mobilização dos agricultores "não seria afetada pela tragédia" e que "a luta continua".