Internacional
Carta do Hamas sobre ataque de 7 de outubro é resposta a críticas em Gaza sobre custo da guerra, diz jornal
Ativista do grupo afirma que aceitação das justificativas para o conflito deve depender do que a organização terrorista pode alcançar
Após o Hamas ter divulgado, neste domingo, um documento com sua explicação oficial para o ataque terrorista contra Israel em 7 de outubro, fontes no enclave questionaram o momento em que o relato foi lançado. Segundo o grupo fundamentalista islâmico palestino, o objetivo da ofensiva era “deter a expansão dos assentamentos na Cisjordânia e pôr fim ao bloqueio da Faixa de Gaza”.
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Ao Haaretz, fontes afirmaram que o material foi preparado porque o Hamas precisava justificar o alto preço que os residentes de Gaza pagaram nos três meses de guerra. O texto descreve o conflito atual como parte de uma luta de 105 anos da nação palestina contra o colonialismo (30 anos contra o mandato britânico, e 75 contra o Estado israelense).
“Israel destruiu a nossa capacidade de criar um estado palestino ao acelerar o empreendimento de assentamentos”, afirmou o Hamas, que culpou a ONU por não ter impedido o processo. “Deveríamos continuar esperando e confiando nas instituições impotentes das Nações Unidas?”, questionou a organização no documento.
O Hamas declarou que a guerra foi projetada “para deter o plano israelense de controlar a área”, e que o enclave foi “transformado na maior prisão a céu aberto do mundo”. Disse, também, que a guerra era “necessária para encerrar o bloqueio”. O grupo negou ter atacado mulheres e crianças, ou ter cometido agressões sexuais, elementos que levantaram preocupações sobre a imagem internacional da organização.
Ao Haaretz, fontes em Gaza, algumas das quais se identificam com o Hamas, disseram que a organização estava lidando com críticas devido ao alto preço que os habitantes do enclave pagaram — tanto em número de mortos quanto com a destruição sem precedentes. Um ativista político do grupo disse que a aceitação das justificativas para a guerra dependerá, em última instância, do que a organização pode ter alcançado.
— Se houver uma grande libertação de prisioneiros, incluindo figuras importantes, e se houver desenvolvimentos políticos significativos que envolvam Gaza, então o Hamas pode dizer que o sacrifício foi realmente por objetivos estratégicos — disse ele. — Caso contrário, o memorando não fará diferença alguma.
Fontes de Gaza também afirmaram que o Hamas estaria tentando dar a impressão de que a decisão de iniciar a guerra foi apoiada por toda a organização, incluindo sua liderança no exterior. Em novembro, o Haaretz publicou que fontes palestinas acreditavam que Yahya Sinwar e Muhammad Deif, líderes da ala militar do Hamas, não incluíram Ismail Haniyeh e a liderança política da organização na decisão.
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