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Quase 50 anos depois, análise genética desvenda sequestro e esfaqueamento de três adolescentes nos EUA

Duas irmãs e uma amiga foram raptadas, atacadas e deixada num milharal em 1975, na época com idades entre 11 e 14 anos

Agência O Globo - 20/01/2024
Quase 50 anos depois, análise genética desvenda sequestro e esfaqueamento de três adolescentes nos EUA

De mãos dadas, as três mulheres - duas irmãs e uma amiga - sentaram-se juntas na última quinta-feira enquanto policiais de Indiana, nos Estados Unidos, compartilhavam algo que elas esperavam há quase cinco décadas: o nome da pessoa que as sequestrou, esfaqueou e as abandonou num milharal à noite no final do verão de 1975.

O Departamento de Polícia Metropolitana de Indianápolis disse, na entrevista coletiva, que, por meio do uso de evidências de DNA, os investigadores conseguiram finalmente determinar que Thomas Edward Williams havia sido o responsável pelo crime contra Kandice Smith, de 13 anos; Sheri Rottler, de 11 anos e Kathie Rottler, de 14 anos, em 19 de agosto de 1975 na cidade de Greenfield, Indiana.

Williams morreu aos 49 anos em novembro de 1983 enquanto estava sob custódia em Galveston, Texas, disseram as autoridades. Não ficou claro por que ele estava detido. As mulheres, agora na casa dos 50 e 60 anos, ouviram em silêncio enquanto as autoridades recontavam alguns dos detalhes angustiantes do violento ataque.

Na época, as meninas pegaram carona depois de comprar alguns itens em um posto de gasolina a leste de Indianápolis, segundo a polícia. Um homem, que dirigia uma perua, ofereceu-lhes uma carona e as levou até um milharal. Lá, disse a polícia, ele forçou as meninas a saírem do carro, amarrou duas delas e depois esfaqueou cada uma delas várias vezes.

— Elas se fingiram de mortas para tentar evitar serem mais esfaqueadas — disse o sargento David Ellison, da Polícia Metropolitana de Indianápolis.

Duas das meninas procuraram a ajuda de um pedestre na estrada principal e, após a chegada da polícia, encontraram a terceira menina perdida no milharal. Todas foram levadas para um hospital.

— Estou aqui hoje diante de vocês como uma sobrevivente que aprendeu o verdadeiro significado da paciência. Aprendi que às vezes a resposta que você espera pode levar décadas para ser obtida — disse uma das irmãs Rottler.

Mesmo depois que o caso esfriou, ela procurou mantê-lo aberto, contou: — Parecia que cada ligação que eu fazia se deparava com outro beco sem saída. Mas eu estava determinada a não desistir.

As mulheres trabalharam com várias autoridades estaduais e locais ao longo dos anos e, em 2018, contataram o sargento Ellison, que concordou em investigar o caso.

O sargento, que se aposentou recentemente, disse que começou a analisar o DNA recuperado de evidências da cena do crime. Usando genealogia genética, os investigadores conseguiram identificar pessoas com DNA semelhante ao coletado na cena do crime, disse.

Os oficiais conseguiram, então, rastrear uma filha do criminoso. Ela concordou no ano passado em fornecer uma amostra de seu DNA, que apontava para uma correspondência com Williams. Dirigindo-se às três mulheres, a subchefe Kendale Adams, do Departamento de Polícia Metropolitana de Indianápolis, disse:

— Não vou fingir que sei o que vocês estão sentindo hoje, mas espero que este seja o primeiro passo para fornecer o fechamento que o sistema de justiça criminal pode.

Durante a entrevista coletiva, a outra irmã contou que havia decidido perdoar Williams pelo ataque: — Sinto muito se isso deixa alguém bravo.

A última das três mulheres a falar na quinta-feira foi a amiga que estava junto às irmãs. Ela disse que a identificação do responsável pelo crime trouxe seu “encerramento” e trouxe justiça para sua família: — Isso colocou paz em meu coração.