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Netanyahu admitiu ações de Israel contra Teerã dois dias antes de bombardeio matar iranianos na Síria: 'Estamos atacando o Irã'

Israel, porém, não fez comentários sobre ataque deste sábado que matou quatro integrantes da Guarda Revolucionária na região de Damasco

Agência O Globo - 20/01/2024
Netanyahu admitiu ações de Israel contra Teerã dois dias antes de bombardeio matar iranianos na Síria: 'Estamos atacando o Irã'
Netanyahu - Foto: reprodução- agência Brasil

Dois dias antes de um ataque aéreo ter atingido forças de segurança do Irã na Síria neste sábado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu admitiu que Israel realiza ataques diretamente contra alvos iranianos, e não somente contra organizações alinhadas à República Islâmica, como o grupo fundamentalista islâmico palestino Hamas.

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— Quem disse que não não estamos atacando o Irã? Estamos atacando o Irã — afirmou durante uma coletiva na quinta-feira. — Irã tem passos a cumprir [em seu programa atômico] que não detalharei. Sou obrigado como primeiro-ministro de Israel a fazer tudo para evitar que o Irã obtenha armas nucleares.

Neste sábado, a Guarda Revolucionária — força de elite militar, política e econômica no Irã — responsabilizou Israel pelo ataque no bairro de Mazzeh, sudoeste de Damasco, uma área que abriga um aeroporto militar, a sede da ONU na capital síria, embaixadas e restaurantes. Israel, que há anos realiza ataques contra alvos relacionados ao Irã na Síria, não fez comentários sobre a ação.

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A agência de notícias semioficial do Irã Mehr disse que o ataque matou o chefe de inteligência da Guarda Revolucionária na Síria, seu vice e outros dois integrantes da força, que está presente no país árabe desde o início da guerra civil do país, em 2011, ajudando o regime de Bashar al-Assad a conter um levante popular. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) indicou que o ataque deixou 10 mortos, incluindo membros da guarda.

O bombardeio foi o mais recente sinal de crescentes tensões regionais na esteira da guerra Israel x Hamas, iniciada em 7 de outubro, quando terroristas do grupo realizaram o pior ataque em solo israelense desde a formação do Estado judeu, em 1948. Além de deixar 1,2 mil mortos, o Hamas fez outras 240 pessoas como reféns, das quais 132 permanecem em Gaza, sendo 107 delas ainda vivas, segundo estimativa da rede americana CNN. Em resposta, Israel realiza uma ofensiva militar contra o enclave controlado pelo Hamas de 2007, e que deixou quase 25 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde vinculado ao grupo palestino.

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Ao comentar a ação, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanani, afirmou que Teerã "se reserva o direito de responder", acrescentando que as represálias ocorrerão "no momento e no local adequados". Também acusou Israel de estar envolvido em uma "tentativa desesperada de propagação da instabilidade e da insegurança na região".

Adversários de longa data, Israel e Irã travam uma guerra nas sombras há anos, muito antes do atual conflito em Gaza, realizando ataques secretos por terra, mar, ar e ciberespaço um contra o outro. Israel fez ataques de precisão contra figuras iranianas importantes com o objetivo de desabilitar as capacidades nucleares e militares do país. Também tentou interromper as linhas de fornecimento iranianas para as forças que lutam na região em sua guerra por procuração.

O Irã apoia milícias em todo o Oriente Médio, incluindo, além do Hamas, o movimento xiita libanês Hezbollah, que vem protagonizando uma troca de hostilidades na fronteira norte israelense desde o início do conflito, e os houthis no Iêmen, que têm atacado navios no Mar Vermelho em protesto contra a campanha militar contra Gaza.