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Para driblar extinção, Argentina põe quatro animais na categoria de 'monumentos naturais'; veja quais são

No mundo todo, pelo menos 44 mil espécies correm risco de desaparecer, segundo relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês)

Agência O Globo - 20/01/2024
Para driblar extinção, Argentina põe quatro animais na categoria de 'monumentos naturais'; veja quais são
Argentina

Com o avanço do aquecimento global e os impactos da intervenção humana, animais, plantas e até biomas inteiros estão cada vez mais expostos e correm o risco de desaparecer. Segundo o último relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), divulgado em dezembro do ano passado, cerca de 44 mil espécies estão ameaçadas de extinção a nível global.

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Por isso, leis cada vez mais rígidas têm sido implantadas, elevando fauna e flora a “monumentos naturais” para serem não somente protegidos, mas também respeitados. É o que ocorre na Argentina, onde, até o momento, quatro espécies foram postas nessa categoria.

Entre elas, está a Baleia Franca Austral (Eubalaena australis). À beira da extinção há um século, a baleia franca austral está protegida nas águas territoriais argentinas. Estima-se que dos cem mil exemplares anteriores aos massacres, restaram cerca de sete mil.

Esta baleia vive no setor sul dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Caracteriza-se por apresentar manchas ventrais e calosidades sobre as quais se instalam colônias de cirripédios, pequenos crustáceos de casca branca.

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As fêmeas têm apenas um filhote a cada três anos, o que explica, em parte, a lenta recuperação das suas populações. Hoje, existem outras ameaças à espécie: a poluição dos mares e oceanos e as possíveis infrações cometidas por embarcações turísticas para observação de baleias.

Além da legislação argentina, a Baleia Franca Austral também está protegida pela Comissão Baleeira Internacional, que proíbe a sua caça, e pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e da Fauna Ameaçadas de Extinção (CITES), que proíbe todo o comércio internacional dos seus produtos.

Já o huemul (Hipocamelus bisulcus) é um cervo que vive exclusivamente na Argentina e no Chile, isolado na região da floresta patagônica. Está protegido em quatro parques nacionais.

Os huemules, cuja pelagem castanha, amarelada, e espessa ajudam a protegê-los do clima rigoroso, foram uma parte importante da vida dos antigos habitantes da Patagônia, quando as populações deste cervo ocupavam não só a cordilheira do sul dos Andes, mas também parte da estepe. Hoje, sua sobrevivência depende de medidas de conservação adotadas.

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Outra espécie de cervo que está protegida pela legislação argentina é a taruca (Hippocamelus antisensis), um animal montanhês, de patas curtas e corpo maciço. Devido às diversas ameaças, entre as quais estão a perda e degradação de habitat, o desenvolvimento de atividades produtivas e de infraestrutura linear e a caça desses animais, a taruca é considerada uma espécie em extinção no país. Atualmente, sobrevivem apenas pequenos grupos isolados, cada vez menores, em áreas reduzidas, divididas e alteradas. Além da Argentina, também podem ser encontradas na Bolívia, Chile e Peru.

Nem mesmo o maior felino das américas, está à salvo do risco de extinção. Formidável caçadora, boa nadadora e com uma pelagem que ajuda se camuflar de suas presas, a onça-pintada (Panthera onca) corre risco de desaparecer em um futuro próximo, devido à destruição e degradação de ambientes, a caça furtiva e a escassez de presas naturais.

‘Última linha de defesa’

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) afirmou que as áreas inscritas na lista de patrimônio mundial da Unesco constituem a última proteção das espécies ameaçadas no mundo.

No estudo "Patrimônio Mundial: uma contribuição única para a conservação da biodiversidade", divulgado em agosto do ano passado e citado pela AFP, a agência informou que os 1.157 sítios naturais e culturais inscritos no patrimônio mundial da Unesco representam menos de 1% da superfície terrestre, mas representam mais de 20% das espécies mapeadas no mundo.

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São mais de 75 mil espécies de plantas e 30 mil de mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios, disse o diretor de projetos do comitê de patrimônio mundial e um dos autores do estudo, Tales Carvalho Resende. No mundo, há 600 mil espécies.

Para o diretor de patrimônio mundial da Unesco, Lazare Eloundou-Assomo, "a biodiversidade é essencial para o equilíbrio da humanidade”.

— Felizmente, temos esses sítios para proteger estas espécies, porque com toda a pressão humana e os projetos de infraestrutura não restaria nada. A conscientização destes perigos deve ser um sinal de alerta, porque o planeta está em perigo — observou.