Internacional
Mulher e filhos de chefe do crime foragido do Equador são detidos e deportados da Argentina
Parentes de Fito Macías estavam hospedados em casa de campo de luxo nos arredores de Buenos Aires; fuga de líder da maior facção equatoriana fez país decretar estado de exceção
A mulher e os filhos de José Adolfo Macías Villamar, o Fito, o traficante de drogas cuja fuga da prisão desencadeou uma onda de violência no Equador, foram detidos em uma casa de luxo em Córdoba, na Argentina. Na operação, coordenada pela Polícia Federal Argentina e a Polícia de Córdoba com a colaboração do Ministério Público do Equador, os membros da família do traficante foram deportados ao seu país natal na noite de quinta-feira em um avião da Força Aérea argentina.
Com um helicóptero policial que sobrevoou a zona, a operação começou na quinta-feira à noite depois de uma investigação de quatro dias da Força Policial Antinarcotráfico e a Polícia de Córdoba.
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Foram detidos a mulher de Fito, Inda Mariela Peñarrieta Tuárez, de 48 anos, e os filhos Michelle Macías Peñarrieta, de 21, Ilse María Macías Peñarrieta, de 12, e Lian Sejam Macías Peñarrieta, de 4. También foram detidos a babá Denny Yadira Laines Basurto, de 22, Javier Macías Alcivar, sobrinho do narcotraficante, e Ángel Zambrano Chiquito, amigo da familia.
Nesta sexta-feira, o governo argentino decidiu expulsá-los para o Equador.
— O sobrinho de Fito Macías, o amigo e a empregada manifestaram vontade de abandonar o país juntamente com os cidadãos expulsos [a esposa e filhos] pelas autoridades argentinas — explicaram ao La Nacion fontes que participaram da operação.
Os familiares de Fito Macías, líder da organização criminosa Los Choneros, chegaram à Argentina no dia 5 deste mês. Com base nas informações de que dispõem os investigadores, eles foram diretamente para Córdoba, onde alugaram uma casa de campo no exclusivo Country Valle del Golf, nos arredores da capital.
A informação de que a mulher e os filhos de Fito Macías estavam na Argentina chegou aos detetives do Departamento de Inteligência contra o Crime Organizado da Polícia Federal. Um alto funcionário da Polícia Nacional do Equador alertou as autoridades argentinas para não descartarem a possibilidade de o traficante ter tentado viajar ao país por ser “muito próximo de sua família”.
Depois de confirmar que as pessoas que viviam no Country Valle del Golf eram familiares do traficante, a Direção Nacional de Migrações (DNM), organismo dependente do Ministério do Interior, interveio no caso e decidiu expulsar da Argentina a mulher e os filhos de Fito.
Crise de violência
A onda de violência iniciada há pouco mais de uma semana começou com a fuga, em 8 de janeiro, de dois dos mais importantes líderes criminosos do país, "Fito", líder de Los Choneros, considerado o criminoso mais perigoso do Equador, e de Fabricio Colón Pico, membro do Los Lobos. Seguiu-se uma cadeia de ataques com os quais o crime organizado tentou subjugar as autoridades.
Em um dos eventos mais emblemáticos, homens encapuzados atacaram o canal público TC Televisión, ameaçando jornalistas com armas e explosivos durante uma transmissão ao vivo. O propósito dessa ação é um mistério. Dezena de agressores, jovens, renderam-se assim que a polícia chegou ao local, sem oferecer resistência.
Diante da crise desencadeada naquele momento, o presidente Noboa declarou um conflito armado interno — o que implica a suposição de que há uma guerra dentro do país —, chamou as gangues criminosas de "terroristas" e mobilizou milhares de soldados. Em várias prisões, os reclusos detiveram mais de 100 agentes penitenciários até a sua libertação, no sábado.
Na quarta-feira, o promotor antimáfia César Suárez, que investigava o ataque ao canal, foi morto a tiros em plena luz do dia em um bairro de Guayaquil.
O Equador foi durante muitos anos um país livre do tráfico de drogas, mas se transformou em um novo bastião do crime para os Estados Unidos e a Europa, com gangues lutando pelo controle do território e unidas em sua guerra contra o Estado, especialmente em Guayaquil.
Nos últimos cinco anos, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes passou de 6 para 46 em 2023 e a guerra interna atingiu o fundo do poço como aconteceu na Colômbia no século passado, mas com um ingrediente adicional: queimar prisões.
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