Internacional

Chanceler da China chega hoje ao Brasil e governo Lula vê gesto importante de Pequim

Wang Yi terá agenda em Brasília e temas incluem reforma da governança global, o aumento do comércio bilateral e ampliação de investimentos chineses no Brasil,

Agência O Globo - 18/01/2024
Chanceler da China chega hoje ao Brasil e governo Lula vê gesto importante de Pequim

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, desembarca nesta quinta-feira, em Brasília, onde participará de um jantar oferecido pelo chanceler Mauro Vieira, no Itamaraty. A visita de Wang, vista pelo governo brasileiro como um "gesto importante" de Pequim no reforço das relações com o Brasil, vai se prolongar até sexta-feira, com uma série de reuniões.

Mauro Vieira e Wang — que também é chanceler de seu país — vão conversar sobre a presidência brasileira no G20 (grupo que reúne as maiores economias do mundo), a reforma da governança global, o aumento do comércio bilateral, a ampliação de investimentos chineses no Brasil, tecnologia e inovação. Também entrarão na agenda a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a crise no Oriente Médio, que começou em 7 de outubro, com o conflito entre Israel e o grupo extremista palestino Hamas, e o cenário político na América Latina.

Existe a expectativa de uma visita do presidente Xi Jinping ao Brasil. Porém, não há informação se ele virá apenas em novembro deste ano, durante a reunião de líderes do G20, no Rio, ou antes do evento.

Um interlocutor do governo brasileiro ressaltou que a China é considerada um parceiro estratégico do Brasil. Desde que assumiu a presidência, Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que as relações com Pequim precisam ganhar um novo patamar, além do comercial.

Em abril do ano passado, Lula esteve com Xi em Pequim. Foram assinados 15 tratados envolvendo os governos — um deles sobre a cooperação e colaboração de projetos de interesse mútuo, como parcerias público-privadas (PPPs), infraestrutura e captação de recursos. Também foram firmados 20 acordos comerciais entre empresas dos dois países.

Para o presidente do Conselho Empresarial Brasil-China, Luiz Augusto de Castro Neves, que já foi embaixador do Brasil no país asiático, a ordem mundial, desenhada após a Segunda Guerra e depois com a Guerra Fria, já não funciona mais. A China vem procurando espaço e é, hoje, o mais importante parceiro comercial das nações da América do Sul.

— Na região, o Brasil é o mais importante parceiro da China. É natural que o chanceler da China venha para o Brasil e o país é prioridade do atual governo. E é interesse dos chineses preservar essa relação, sobretudo em um momento de tensões com os EUA — disse Neves.

A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. Em 2023, a corrente de comércio atingiu o recorde de US$ 157,5 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 104,3 bilhões e importações de US$ 53,2 bilhões, o que resultou em superávit brasileiro de US$ 51,1 bilhões. No ano passado, as transações com a China foram responsáveis por cerca de 52% do superávit comercial total brasileiro.

Brasil e China estabeleceram Parceria Estratégica em 1993, elevada a Parceria Estratégica Global em 2012. Os dois países comemoram, neste ano, o cinquentenário do estabelecimento das relações diplomáticas.