Internacional

EUA realizam quarto ataque em menos de uma semana contra rebeldes houthis no Iêmen

A ação ocorreu horas depois de Washington incluir o grupo novamente em sua lista de terroristas

Agência O Globo - 18/01/2024
EUA realizam quarto ataque em menos de uma semana contra rebeldes houthis no Iêmen
EUA

Os Estados Unidos realizaram, na noite desta quarta-feira, uma nova ronda de ataques contra os rebeldes houthis no Iêmen, confirmaram autoridades americanas sob anonimato, sem especificar quantos mísseis foram lançados. Esta foi a quarta vez que os EUA atacaram o grupo apoiado por Teerã em menos de uma semana, num contexto de tensão elevada no Oriente Médio e de receios de que a guerra travada entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas se espalhe ainda mais pela região.

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Os ataques foram lançados do Mar Vermelho, região sob tensão desde novembro, e atingiram mais de uma dúzia de locais, disseram as autoridades. De acordo com a Associated Press, o canal de TV iemenita al-Masirah afirmou que os ataques tiveram como alvo as províncias de Dhamar, Hodieda, Taiz, al-Bayda e Saada.

A ação ocorreu horas depois de Washington incluir o grupo novamente em sua lista de terroristas, e em resposta a um ataque dos houthis contra um navio americano na costa do Iêmen.

'Terrorista'

Nesta quarta-feira, o porta-voz dos houthi, Mohammed Abdelsalam, disse à TV al-Jazeera que os rebeldes continuariam atacando navios no Mar Vermelho mesmo após a decisão dos EUA de colocar o grupo novamente na sua lista de entidades "terroristas". A sanção entrará em vigor em 30 dias e tem o objetivo de pressionar o grupo rebelde sem afetar a entrega de ajuda humanitária ao Iêmen, segundo o chefe diplomático dos EUA, Antony Blinken.

— Não desistiremos de atacar os navios israelenses ou os navios que se dirigem aos portos da Palestina ocupada... em apoio ao povo palestino — disse Abdelsalam à emissora, sediada no Catar.

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O anúncio da classificação do grupo como terrorista veio horas depois dos EUA atingirem quatro mísseis houthi no Iêmen em um ataque preventivo na terça-feira, uma ação muito mais limitada do que a realizada em 11 de janeiro. Esses novos ataques ocorreram depois que dois navios comerciais no Mar Vermelho foram atingidos por mísseis em um espaço de 24 horas.

Desde meados de novembro, os rebeldes iemenitas houthis, alinhados ao Irã, multiplicaram seus ataques no Mar Vermelho e em águas vizinhas contra navios que consideram vinculados a Israel. Os rebeldes alegam que seus ataques são em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, onde Israel trava uma guerra contra o grupo terrorista Hamas em resposta ao ataque de 7 de outubro. Mais de 24 mil pessoas morreram em Gaza desde o início do conflito.

Entenda o ataque dos EUA e Reino Unido

Na semana passada, os Estados Unidos e o Reino Unido bombardearam posições dos rebeldes houthis, no Iêmen, em resposta aos ataques ao transporte marítimo internacional no Mar Vermelho, uma importante rota marítima por onde passam 12% do comércio global. A ofensiva foi promovida pela coalizão Ocidental, formada nas últimas semanas para garantir a livre circulação de navios comerciais na região, em um momento de forte tensão no Oriente Médio.

Este foi o primeiro ataque direto dos EUA contra os rebeldes houthis dentro do território iemenita desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em 7 de outubro.

Desde o início da guerra em Gaza, os houthis já lançaram diversos ataques contra embarcações no Mar Vermelho e contra alvos israelenses em apoio ao Hamas. Com isso, diversas empresas de navegação passaram a evitar a rota e dar a volta pelo continente africano, aumentando os custos de frete e seguro marítimo.

Desde 2002, os EUA já lançaram cerca de 400 ataques aéreos no Iêmen, segundo o Conselho de Relações Exteriores do país. No entanto, o governo americano tem buscado evitar um conflito direto desde a crise em Gaza, temendo uma escalada regional.