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Irã usou mísseis capazes de atingir Israel em ataques contra alvos na Síria; saiba qual é o armamento

Míssil balístico Khaibar-Shekan acertou alvos do Estado Islâmico (EI) a 1,3 mil Km de distância, similar ao que seria necessário para atingir Tel Aviv; analista fala em possível teste de capacidades bélicas

Agência O Globo - 17/01/2024
Irã usou mísseis capazes de atingir Israel em ataques contra alvos na Síria; saiba qual é o armamento

A série de ataques iranianos contra posições hostis no Oriente Médio, nesta semana, apresentou pela primeira vez em combate uma nova parte do arsenal de mísseis de longo alcance da República Islâmica — que, segundo informações oficiais e análises com base nos alvos das operações, teriam a capacidade de atingir Israel.

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A Guarda Revolucionária Islâmica lançou o míssil balístico Khaibar-Shekan, ou Khaibar-Breaker, em um ataque contra o Estado Islâmico (EI) na Síria, a 1,3 mil Km de distância. O projétil foi disparado do sudeste do Irã, se acordo com a agência de notícias local Tasnim, e guiado com precisão até seu alvo. Isso configuraria o ataque mais distante da história lançado pela unidade militar. A distância é quase idêntica à que seria necessária para atingir Tel Aviv.

O Irã já relacionou o desenvolvimento do míssil à inimizade de longa data com Israel, mas sem um ataque direto. Em vez disso, tem atuado como fornecedor em uma guerra por procuração, disputada na linha-de-frente por grupos como o Hamas.

Teerã afirma que o Khaibar-Shekan tem um alcance máximo de 1,45 mil Km e que pode escapar das defesas antimísseis israelenses. O nome parece referir-se a um assentamento na atual Arábia Saudita, onde o profeta muçulmano Maomé lutou contra os judeus em uma batalha do século VII.

— É provavelmente o míssil mais sofisticado que eles têm com alcance para atacar Israel — disse Fabian Hinz, pesquisador do think tank do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. — Mas é claro que quando você quer usá-lo contra Israel você sempre tem que lidar com o fato de que está lidando com algumas das melhores defesas antimísseis do mundo.

A Guarda Revolucionária poderia ter usado uma munição de menor alcance no ataque à Síria, completou Hinz, conjecturando que a escolha do equipamento pode ser um sinal de que a arma está em fase de teste.

— [Ao optar por não o fazer, ou estava testando a sua mais recente tecnologia ou] foi explicitamente escolhido para enviar uma mensagem a Israel — acrescentou.

Avaliação de ameaça

Um ataque bem sucedido dependeria da capacidade do Irã de superar essas defesas, como o Hamas tentou fazer no ataque de 7 de outubro a Israel, que desencadeou a guerra em curso entre os dois lados. Isso, por sua vez, dependeria de quantos mísseis de longo alcance o Irã dispõe em seu arsenal.

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Como um risco adicional para a estabilidade regional, o Irã parece ter fornecido o míssil aos seus aliados no Iêmen, os houthis, acrescentou Hinz. O grupo rebelde alterou o comércio no Mar Vermelho com ataques a navios comerciais que, segundo ele, têm como objetivo pressionar Israel a encerrar a guerra com o Hamas.

O mesmo míssil também foi usado no ataque simultâneo do Irã a um suposto “quartel-general de espionagem” israelense no norte do Iraque nesta semana, ao lado dos modelos Fateh-313 e Fateh-110 de menor alcance, informou a estatal Nour News.

O vizinho do Irã, o Paquistão, também acusou Teerã de atingir seu território com mísseis na quarta-feira. Ainda não está claro quais munições foram usadas.