Internacional

Presos por suposta tentativa de ataque terrorista contra judeus na Argentina são soltos por falta de provas

País abriga a maior comunidade judaica da América Latina e, nos anos de 1990, foi alvo de dois atentados, que somam centenas de feridos; suspeitos continuarão sendo investigados

Agência O Globo - 16/01/2024
Presos por suposta tentativa de ataque terrorista contra judeus na Argentina são soltos por falta de provas
israel - Foto: Reprodução

Três homens detidos há duas semanas, suspeitos de integrar um grupo de terrorismo internacional e de planejar um suposto ataque contra um evento esportivo judaico, foram liberados por falta de provas, na Argentina, disseram fontes judaicas à AFP, nesta terça-feira. Eles seguirão sob investigação, mas fora da prisão.

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No dia 30 de dezembro, o governo anunciou a prisão de três pessoas: uma de origem sírio-libanesa, recém-chegada ao país com passaportes da Venezuela e Colômbia, e dois argentinos suspeitos de planejar um ataque durante os Jogos Macabeus, que reuniram 4 mil atletas em Buenos Aires, segundo a imprensa local.

"Até o momento, não foram apresentados elementos de prova que permitam corroborar a hipótese investigada e que formaram a imputação mencionada", detalhou a juíza federal María Eugenia Capuchetti, de Buenos Aires, na decisão tomada segunda-feira.

De qualquer forma, Capuchetti determinou que, enquanto a investigação estiver em andamento, os três deverão comparecer ao tribunal uma vez por mês.

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Os homens detidos pela Polícia Federal argentina em diferentes endereços eram supostos destinatários de um "pacote de 35 quilos" vindo do Iêmen, disse a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, à imprensa. O país é berço da milícia xiita Houthis, apoiada pelo Irã, e que tem perpetrado ataques no Mar vermelho em “solidariedade” aos palestinos da Faixa de Gaza. Mais de 22 mil foram mortos desde o início da guerra entre Hamas e Israel, no dia 7 de outubro.

— Não foi possível confirmar a existência da suposta encomenda (o pacote) que chegaria ao país e que foi mencionada nas informações que deram início a esta investigação.

O sírio libertado é foi identificado como o professor de tênis de mesa Naem Chatay Chasan, e os argentinos são o cabeleireiro Ramón Domínguez e um autodenominado "agente inorgânico" de inteligência dos Estados Unidos, Juan Manuel Ledesma, conhecido como "El Rubio", que alertou sobre os outros dois investigados.

Eles são acusados de “integrar uma associação criminosa transnacional de existência ininterrupta no tempo dedicado à organização e perpetração de ataques terroristas” que “registraria atividades em diferentes países da região, em particular, na Colômbia, de onde teria organizado o perpetração de um ataque — presumivelmente, com explosivos – a uma propriedade localizada na área desta cidade ligada à comunidade judaica”.

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Bullrich havia baseado as prisões preventivas em informações recebidas dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de Israel, e de organismos de segurança da Colômbia, sobre três pessoas que ingressaram no país por diferentes aeroportos.

A informação foi amplamente divulgada no país, que abriga a maior comunidade judaica da América Latina e foi palco no passado de dois graves atentados com bomba, um contra a embaixada de Israel, em 1992, que causou 29 mortes, e o outro em 1994, contra a Associação Mutual Israelense Argentina, que deixou 85 mortos, com idades entre 5 e 73 anos, e 300 feridos — o ataque mais sério da sua História.

O governo alegou que um dos motivos que alertou as autoridades antes das prisões foi que os três suspeitos haviam reservado um quarto de hotel perto da embaixada de Israel. (Com La Nacion)