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Conheça a paixão de Charles Gavin por camisas de clubes de futebol que ganhou os palcos dos Titãs

Baterista chamou atenção usando uniformes de times fora do eixo dos grandes na turnê da banda

Agência O Globo - 14/01/2024
Conheça a paixão de Charles Gavin por camisas de clubes de futebol que ganhou os palcos dos Titãs
Conheça a paixão de Charles Gavin por camisas de clubes de futebol que ganhou os palcos dos Titãs - Foto: reprodução

“A camisa de clube, hoje, virou um símbolo de identidade”. A frase é de Charles Gavin, baterista da banda Titãs, formada nos anos 80 que realizou uma turnê de despedida em 2023. Corintiano e fã de futebol, Gavin chamou atenção nos shows ao subir nos palcos usando camisas de diversos times.

A ideia de vestir as camisas de clubes nas apresentações da banda aconteceu momentos antes do ensaio para o show em Aracaju (SE), no fim de maio do ano passado. Acostumado a comprar os uniformes dos clubes das cidades onde costumava tocar, Gavin foi a uma loja do Confiança, adquiriu uma camisa e decidiu vesti-la para se conectar com as pessoas da cidade.

A repercussão foi tanta que no show seguinte, em Salvador, a diretoria do Bahia o presenteou com uma camisa para que ele usasse durante a apresentação. A partir de então, Gavin decidiu utilizar nos shows camisas de clubes da cidade, mas com uma condição:

— O critério (de escolha das camisas) era (ser) fora do eixo Rio-São Paulo e até dos grandes clubes de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, ou seja, sair um pouco desse domínio econômico dos grandes clubes. Então, a ideia era usar camisas de clubes da Série B, da Série C e da Série D. É uma coisa descentralizada, de olhar para outros clubes do Brasil, aqueles com os quais eu me identifico. A ideia é mostrar que todos os clubes brasileiros são importantes — disse Charles Gavin.

Entre as camisas que o baterista ganhou e usou durante a turnê estão as do Botafogo-PB, Retrô-PE, Ceilândia-DF, Desportiva Ferroviária-ES, Tuna Luso-PA, Tupynambás-MG, Aimoré-RS e Madureira. Mas a lista completa é muito maior.

Guarda-roupa lotado

A iniciativa não foi difícil para Charles Gavin, que já era um colecionador de camisas de clubes de futebol e tinha muitas guardadas em seu guarda-roupa. Outras, no entanto, o baterista precisava comprar na loja do clube antes dos shows, e algumas vezes ele encontrava dificuldades de achar as peças. Mas a repercussão acabou sendo uma facilitadora: diretorias de alguns clubes começaram a presentear o músico com os uniformes, como o Sport, que enviou todas as versões da temporada de 2023.

— Essa atitude minha nasceu de uma forma muito despretensiosa e totalmente movida pela minha paixão por futebol. Mas ela acabou sendo um espaço interessante de mostrar que todos os clubes do futebol brasileiro são importantes. A ideia era prestigiar todos os clubes do futebol e evitar vestir a camisa de um time que faz parte desse poderio econômico — disse o baterista, que brincou ao revelar um efeito colateral inesperado.

— Foi uma ótima experiência, mas tive que comprar malas extras e estou sem espaço no guarda-roupa.

São Paulo foi um dos poucos lugares em que Charles Gavin não usou uma camisa de time durante a turnê dos Titãs. Mas não por opção própria. O Allianz Parque, estádio do Palmeiras e palco do show, tem uma cláusula contratual que solicita que o artista não use um uniforme de outro clube a não ser do alviverde. Mas isso não impediu o baterista de inovar na hora de subir ao palco. Ele e seus companheiros exibiram uma bandeira LGBTQIAPN+.

— Quando a gente chegou no Allianz Parque, essa história das camisas já estava muito grande e eu senti necessidade de fazer alguma coisa. Aí pensei em algo que eu pudesse fazer como forma de expressão, e logo tive a ideia de usar a bandeira LGBTQIAPN+. Essa bandeira, mais do que camisa de clube, significa a tolerância, cada um tem o direito de ser do jeito que quer ser e os outros têm que respeitar. Ela acabou fazendo mais sucesso do que as camisas — disse.