Internacional
Bombardeado por ações de Houthis no Mar Vermelho, Iêmen vive colapso há quase 10 anos de guerra civil
País pobre da península arábica, Sanaa foi palco de disputa entre os houthis, apoiados pelo Irã, e o governo, apoiado pela Arábia Saudita, nos últimos anos

Há quase uma década, a guerra entre os rebeldes houthis — alvo de um ataque dos Estados Unidos e do Reino Unido nesta sexta-feira — e o governo do Iêmen têm mergulhado o país em uma violenta e inconclusiva guerra civil, culminando em uma das piores crises humanitárias do mundo. Na época, com o apoio do Irã, a milícia xiita invadiu, no fim de 2014, a capital Sanaa e derrubou o governo internacionalmente reconhecido e apoiado pela Arábia Saudita. Desde então, os rebeldes controlam não apenas a capital, como também o norte do país. A guerra, direta ou indiretamente, já vitimou milhares de pessoas e pôs milhões sob insegurança alimentar.
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Liderados por Abdul-Malik al-Houthi, os Houthis foram aumentando gradualmente suas capacidades militares após a invasão da capital. Analistas atribuem essa expansão ao apoio iraniano que, buscando novas formas de ameaçar a Arábia Saudita, integrou o grupo à sua rede de milícias e forneceu ajuda militar durante o conflito. O grupo chegou a vencer efetivamente uma guerra contra uma coalizão militar liderada por Riade, que passou anos tentando derrotá-los.
O conflito foi arrefecendo desde que a Organização das Nações Unidas (ONU) negociou uma trégua, em 2022. Apesar do cessar-fogo temporário ter expirado em outubro daquele ano, a violência diminuiu consideravelmente. Agora, os Houthis e a Arábia Saudita estão à beira de um acordo de paz, que potencialmente reconheceria o direito do grupo xiita de governar o norte do Iêmen.
— A paz é e continua sendo nossa primeira opção, e todos devem trabalhar para alcançá-la — afirmou Mahdi al-Mashat, presidente do Conselho Político dos houthis, em setembro do ano passado.
A possibilidade de uma resolução total do conflito, contudo, não muda o cenário do dia para a noite. O Iêmen, país mais pobre da península arábica, sofreu estragos em sua infraestrutura, viu sua economia colapsar e provocou o aumento do número de deslocamentos — até 2022, a ONU contabilizava mais de 4,3 milhões de pessoas forçadas a deixarem suas casas. Cerca de 377 mil pessoas morreram, de acordo com um balanço da ONU.
Quem ficou, experimentou na pele o agravamento da crise humanitária. Segundo a ONU, pelo menos 23,4 milhões de pessoas precisam de assistência no país (três em cada quatro pessoas), ao passo que 17 milhões estão em situação de insegurança alimentar no país. Milhares perderam o emprego e mais da metade da população vive abaixo da linha da pobreza.
Ainda assim, o financiamento destinado para aplacar o sofrimento da população satisfaz apenas 38,9% das necessidades, com o déficit de financiamento beirando U$ 2,7 milhões, informou o O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
'Não ficará sem resposta'
Este é o primeiro ataque direto dos EUA contra os rebeldes houthis dentro do território iemenita desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em 7 de outubro.
Desde o início da guerra em Gaza, os houthis já lançaram diversos ataques contra embarcações no Mar Vermelho e contra alvos israelenses em apoio ao Hamas. Com isso, diversas empresas de navegação passaram a evitar a rota e dar a volta pelo continente africano, aumentando os custos de frete e seguro marítimo.
A ofensiva desta quinta-feira promovida pela coalizão Ocidental, formada nas últimas semanas para garantir a livre circulação de navios comerciais no Mar Vermelho, ocorre num momento de forte tensão no Oriente Médio.
A ofensiva desta quinta-feira promovida pela coalizão Ocidental, formada nas últimas semanas para garantir a livre circulação de navios comerciais no Mar Vermelho, ocorre num momento de forte tensão no Oriente Médio.
Desde 2002, os EUA já lançaram cerca de 400 ataques aéreos no Iêmen, segundo o Conselho de Relações Exteriores do país. No entanto, o governo americano tem buscado evitar um conflito direto desde a crise em Gaza, temendo uma escalada regional.
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