Internacional

Líderes da América do Sul articulam carta de apoio ao presidente do Equador

Brasil já manifestou solidariedade a Daniel Noboa e poderá ajudar o país compartilhando inteligência, se assim for solicitado

Agência O Globo - 10/01/2024
Líderes da América do Sul articulam carta de apoio ao presidente do Equador

Líderes de todos os países da América do Sul articulam um movimento de apoio ao presidente do Equador, Daniel Noboa. O país passa por uma grave onda de violência, o que levou Noboa a decretar estado de "conflito armado interno", dando poder de intervenção ao Exército para combater o crime organizado.

Segundo interlocutores do governo brasileiro, na última terça-feira, Daniel Noboa pediu apoio político ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prontamente respondeu, com uma nota de solidariedade assinada pelo Itamaraty. Na presidência do Consenso de Brasília, formado pelos países da América do Sul, o Chile negocia a divulgação de uma carta de respaldo às medidas adotadas pelas autoridades equatorianas, que deverá ser divulgada ainda nesta quarta-feira.

Até o momento, o único pedido feito a Lula por Noboa foi político como medida de curto prazo. A médio e longo prazos, o governo brasileiro poderá ajudar o governo do Equador fornecendo equipamentos, compartilhando inteligência, treinando pessoal, desenvolvendo um programa de monitoramento de fronteiras, entre outras ações, caso seja solicitado.

Integrantes do governo ouvidos pelo GLOBO praticamente descartaram a possibilidade de Noboa pedir o envio de militares brasileiros para o país. Como é uma questão de ordem pública interna, recorrer a forças estrangeiras pode gerar um efeito negativo.

Brasileiros no Equador

A situação no Equador foi tema de reunião, nesta manhã, entre Lula, o chanceler Mauro Vieira e o assessor para assuntos internacioanais do Palácio do Planato, Celso Amorim. O presidente foi atualizado sobre o cenário de crise no país e disse que o governo brasileiro está à disposição de Noboa. Lula também determinou atenção total aos cidadãos brasileiros que estão no Equador.

O governo brasileiro vem monitorando o Equador desde a última segunda-feira, quando o líder da principal facção criminal do país, José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito, fugiu da prisão onde cumpria pena. Desde então, há um cenário de caos, marcado pelo sequestro de policiais, atentados a bombas, incêndios de veículos e fuga de presos.

De acordo com um importante embaixador brasileiro, a escalada de violência no Equador reforça uma preocupação crescente relacionada à região como um todo: a corrosão das instituições e a ameaça à própria democracia por parte de grupos criminosos com ramificações transnacionais. Para esse interlocutor da área diplomática, o combate sem trégua à insegurança vai exigir cooperação internacional, uma vez que "os bandos não conhecem fronteiras".

A avaliação é que a resposta para a chantagem feita por essas organizações, que mina a segurança da população, tem sido a retirada de direitos dos cidadãos, para tentar superar os desafios. Por outro lado, as instituições precisam reagir. O ideal seria o combate o crime sem atropelos institucionais, o que não tem sido possível.